Com o final da Guerra Fria a agenda internacional se tornou mais competitiva e inclusiva. Novos atores e novos temas e, principalmente, os assuntos referentes a comércio, protecionismo e desenvolvimento sustentável ganharam destaque. A potência ‘vencedora’, os Estados Unidos, muito a partir do Governo Clinton, assinalou que a interdependência global seria algo atingível no médio prazo. Um mundo marcado pela cooperação, menor protecionismo e universalização de princípios e regras de convivência mútua. A primeira Guerra do Golfo, as questões étnico-religiosas e civilizacionais e a difícil reconstrução geopolítica da região dos Bálcãs trouxeram certa dose de pessimismo às relações internacionais. A nova postura da administração George W. Bush, principalmente pós-11 de Setembro, recrudesceu este “olhar” mais realista do contexto mundial das últimas décadas. Hoje, em plena Era Obama, o sistema internacional pressupõe dois tipos de forças aglutinadoras. As que buscam uma integração em escala global - vide papel e objetivo real da Organização Mundial de Comércio (OMC) - e aquelas que, mais pragmáticas, acreditam em um mundo dividido em blocos, em relações específicas e com questões singulares a serem administradas. As muitas Conferências da OMC demonstraram que o cenário que se projeta é aquele de um processo de integração ‘maior’ e não-completo. Não foram até agora dimensionados os custos e os benefícios de uma integração ‘aberta’, tanto no que tange a comércio e protecionismo como naquilo referente a desenvolvimento sustentável, combate às desigualdades, resolução de conflitos regionais etc. Na verdade, o que sempre se viu nas Rodadas da Organização Mundial de Comércio são impasses e celeumas estabelecidos entre países. Raramente são alcançados resultados em prol de cooperação sistêmica. Em uma visão histórica de todo este processo é evidente que avanços ocorreram. Todavia, as relações internacionais continuam a estabelecer, precisamente, sua própria hierarquização de forças, como num movimento auto-induzido. Percebe-se um esforço maior para a discussão de temas sensíveis, porém estes são sempre particularizados e estritamente relacionados às posições relativas de poder de cada agente no sistema. Neste contexto é possível que prevaleça, ainda por muito tempo, um ‘integracionismo regional fechado’ em contrapartida a um ‘integracionismo multilateral aberto’; principalmente nas questões de comércio e protecionismo quando sobrepostas a um cenário persistente de crise econômica em algumas regiões estratégicas do planeta. Este processo irá indicar o rumo das relações entre atores - estatais e não-estatais - nos próximos anos e, por conseguinte, determinará a eficiência no tratamento de outros assuntos da agenda de negociação internacional. Nota do Editor: José Luiz Niemeyer é coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec.
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