O governo de Dilma Rousseff sofre a segunda baixa em menos de um mês. Antonio Palocci, denunciado de multiplicar por 20 o seu patrimônio em quatro anos, pediu demissão da Casa Civil no dia 7 de junho e Alfredo Nascimento saiu do Ministério dos Transportes a 6 de julho em meio às acusações de desvio de dinheiro de obras públicas para seu partido – o PP – e de enriquecimento astronômico de seu filho, cujo patrimônio elevou-se de R$ 60 mil em 2005 para R$ 52 milhões atualmente. Embora necessite de apoio partidário para governar, a presidenta, acertadamente, abriu mão dos dois auxiliares. Espera-se que faça o mesmo com todos os que, de alguma forma, puderem macular o seu governo e prejudicar a governabilidade. Dilma segue o exemplo de Itamar Franco, que afastou o seu amigo Henrique Hargreaves, quando este foi acusado de irregularidades e teve a decência de reconduzi-lo ao ministério ao ser provada a sua inocência. Espera-se que Dilma tenha a oportunidade de fazer o mesmo, pelo mesmo motivo. Geraldo Alckmin, no recente episódio dos plantões médicos, também foi célere ao afastar os envolvidos, pois o governo não pode manchar-se com os erros de seus colaboradores. Há que se corrigir o curso, imediatamente e apurar com todo rigor o ocorrido, exigindo-se as devidas reparações. O expediente denunciado sobre as possíveis irregularidades no Ministério dos Transportes é largamente comentado em todas as áreas de governo. Concorrências viciadas tornam mais elevados os preços das obras públicas para que os processos rendam “filhotes” que vão sustentar campanhas eleitorais, pagar correligionários ou até abastecer a pauta da mais pura corrupção. A existência ou mesmo a suposição da existência desses esquemas turva a imagem da classe política e leva o povo a reprovar os governos, mesmo que nada possa fazer pela correção. As sucessivas operações desenvolvidas pelo Ministério Público, Polícia Federal e outras instituições de fiscalização e controle apresentam-se como um raio de luz sobre a escuridão. Prefeitos, governadores, parlamentares e outros agentes públicos e políticos trancafiados na cadeia e processados, com a possibilidade de serem obrigados a devolver aquilo que furtaram do cofre público. No dia em que isso acontecer, milhares de brasileiros certamente voltarão a confiar nas instituições. A grande justificativa que os políticos encontram para assaltar o erário está no financiamento das campanhas eleitorais, até hoje mal definido, apesar de todos os esforços da Justiça Eleitoral. Precisamos de leis mais rigorosas para as campanhas e mais instrumentos de fiscalização para evitar o poder econômico e, principalmente, a aplicação de dinheiro público desviado de sua efetiva finalidade. No dia que isso acontecer, o Brasil terá dado um grande passo rumo à moralidade e ao desenvolvimento... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
|