Bandeiras dos Estados Unidos estavam agitadas em Nova York, pessoas buzinavam e davam “bravos de vitória” contra a personificação do terror em Osama bin Laden. Cenas não muito diferentes das cenas de alguns palestinos bravejando a queda do Word Trade Center. A repercussão midiática da morte de Osama foi enorme e muito controvertida: alguns afirmavam que a morte era uma farsa. Outros, que a morte foi em legítima defesa dos soldados. O próprio discurso do Governo Obama foi contraditório. Em um momento, Osama estaria armado. Depois, disseram que a arma estava ao alcance dele. Até mesmo Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, fez uma curiosa observação: "Tenho informação exata de que Bin Laden estava em poder dos militares americanos há muito tempo. Não o mataram durante a luta contra o terrorismo, mas para alimentar a propaganda na sociedade americana e atrair os votos". Uma placa levantada em Nova York com a frase “Obama 1 X Osama 0”, revela o aumento de popularidade do presidente que pretende ser reeleito. O mais impressionante é os Estados Unidos garantirem que Osama foi enterrado com rituais islâmicos. Será que a ação foi orientada por um sheikh muçulmano, que era membro do exército norte-americano? Ou que estava envolvido na operação militar? Dificilmente isso ocorreu. Independente das versões divulgadas, a reflexão que muitos fazem é qual o verdadeiro motivo da execução de Osama. Evidentemente, o líder as Al-Qaeda já estava condenado à morte muito antes de ser encontrado. Osama também não poderia ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional, pois foi capturado por soldados norte-americanos e os Estados Unidos não ratificaram sua participação efetiva no Tribunal Penal Internacional. Mas isso não é suficiente para justificar uma obscura execução. Vale lembrar que soldados norte-americanos também capturaram Saddam Hussein e o encaminharam para um tribunal específico que, embora não fosse reconhecido como legítimo para Saddam, de certa forma proporcionou um direito de defesa e acusação para as partes. Outro caso interessante é a prisão de Adolf Eichmann. Militar, membro do partido nazista preso na Argentina, foi julgado em Israel, pois o Estado Israelense também não é membro do Tribunal Penal Internacional. Eichmann foi condenado à morte por estar na frente das execuções de judeus nos campos de concentração. Nestes dois casos, países que não são membros do Tribunal Penal Internacional levaram seus adversários criminosos ao Júri, demonstrando um ato de justiça mesmo para pessoas previamente condenadas. E, principalmente, deixando claro para a opinião internacional as devidas punições que seus prisioneiros sofreriam. No caso de Osama, muito estranha, um país que defende os direitos liberais e democráticos, assassinar sem muitas explicações plausíveis um terrorista. Levar Osama ao tribunal seria muito importante, mesmo que os radicais protestassem e a Anistia Internacional se mobilizasse para protegê-lo. Seria uma forma dos Estados Unidos mostrarem para o mundo seu conceito de justiça e igualdade entre todos os homens. Entretanto, isso não foi realizado e um grande vácuo fica no ar, que poderia ser preenchido se a “grande democracia do mundo” desse seu exemplo de justiça e transparência. Não se trata de defender ou amenizar as ações tão cruéis realizadas pelos terroristas. Trata-se de um pedido de “esclarecimento” que muitos fazem. Nota do Editor: Leandro Ortunes é graduado em Comércio Exterior pelo UNIFIEO, especialista em Relações Internacionais (FAAP), especialista em Ciências da Religião (PUC-SP) e mestrando em Ciências Sociais (PUC-SP) e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO Geceu. E-mail: leandroortunes@uol.com.br.
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