Antes de qualquer coisa devo esclarecer que nada tenho contra a importante pessoa que foi Jesus; pelo contrário, tenho imensa admiração pelos seus ensinamentos e seu legado; foi um homem à frente de seu tempo independentemente de sua divindade. O pior de tudo é que se voltasse hoje à terra seria novamente perseguido por suas pregações. Mas seu santo nome foi, e está sendo, tão banalizado que me incomoda um pouco ser chamado de cristão. Eram cristãos os espanhóis que destruíram toda a avançadíssima civilização andina; eram povos tão pacíficos que nem souberam se defender. No Brasil, as “Entradas e Bandeiras” ultrapassaram o Tratado de Tordesilhas trucidando os verdadeiros brasileiros levando à frente um padre jesuíta, que legitimava a carnificina. Aqueles que trouxeram, sob grilhões, milhares de escravos da África para as Américas tinham toda a aprovação do Vaticano. Eram cristãos os que destruíram duas cidades japonesas e jogaram milhares de toneladas de napalm no Vietnam. Aí você diz que isso é coisa do passado; tudo bem, mas até hoje cristãos católicos e protestantes se matam na Irlanda, assim como separatistas bascos e espanhóis. Se intitulam cristãos os pilotos de helicóptero que bombardearam creches, hospitais e asilos no Iraque e que estão doidos pra fazer o mesmo no Irã e no Afeganistão. São cristãos os padres pedófilos e os cardeais que acobertam essa ignomínia. Se chamam seguidores de Cristo os pastores contrabandistas de drogas e armas e os bispos que se enriquecem a custa da ignorância, desesperança e porque não dizer ganância de pobres coitados. No âmbito local, um ex-governador ostenta em sua mansão uma enorme imagem de sua protetora Nossa Senhora de Fátima - a mãe de Jesus, (esse realmente tem alcançado grandes milagres, como se vê) sem contar os deputados distritais que inventaram até a “prece pela propina alcançada”. Um desses deputados é filho de um famoso pastor. Recentemente um ariano que se intitula cristão fundamentalista natural de um país tido como pacifista e evoluído matou mais de sessenta pessoas inocentes. Então, para não ser confundido com essa gente, por favor, não me chame de cristão. Não quero me comparar a eles, mas nem Ghandi, nem o Dalai Lama, nem toda a pacífica população butanesa (chamado de o Reino da Felicidade) nunca foram chamados de cristãos. Saramago, Jorge Amado, Monteiro Lobado, Dráuzio Varella, Vinícius de Morais e a deliciosa Camila Pitanga, entre tantos outros, também não, e nunca se importaram com isso, por que eu me importaria?
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