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Opinião
18/08/2011 - 15h04
Os delírios do vira-bosta
Dartagnan da Silva Zanela
 

"Nossa civilização está condenada porque se desenvolveu com mais vigor material do que espiritual." Essas palavras, simples e duras, tal qual a realidade que elas procuram retratar, são de Albert Schweitzer. E elas são mais realistas ainda quando, a partir de suas luzes, refletimos sobre a sociedade hodierna.

Inegavelmente, nossa sociedade brinda os seus membros com condições materiais muito boas. Sim, a maioria das pessoas, atualmente, tem acesso a confortos que a algumas centúrias passadas, nem as mais suntuosas elites sonhavam. Com a produção em massa, inumeráveis regalos chegaram a uma vastidão de pessoas. Todavia, como nos lembra o gentil sábio germano-franco, a expansão desses bens, de modo algum, ocorreu na mesma velocidade que a elevação moral dos sujeitos que passaram a ter acesso a eles, inclusive na civitas brasilis.

Sobre este ponto, recordo, de passagem, um colóquio feito por uma amiga, onde a mesma dizia que se lembrava do tempo em que ela era menina e tinha que caminhar um tantão, com o caderno, lápis, borracha e caneta, dentro de um pacote de arroz, para ir à escola. Nestes idos, ela dizia para si mesma: “eu quero mudar de vida. Não quero terminar meus dias assim não”. Dito isso, continuava ela afirmando que, diante dessa experiência pessoal, compreendia porque hoje se tem um desdém por tudo que é elevado e dignificante, pois, tem-se acesso a bens materiais sem muita dificuldade, então, por que haveríamos de querer nos dedicar a algo que exige de nós um relativo sacrifício. Por quê?

Alguns, manhosos, irão dizer que não temos acesso a tudo, mas temos, inegavelmente, acesso mais do que facilitado a, praticamente, todos os bens que julgamos importantes para nossas vidinhas, mesmo que não os mereçamos. Isso mesmo! O horizonte de realização humana do indivíduo médio, atualmente, restringe-se a conquista de um amontoado de brinquedinhos que em nada agregam valor as suas personalidades papalvas, mas que lhes serve como um pífio símbolo de distinção em meio a uma multidão de almas humanas mutiladas em sua humanidade.

Sim, somos indivíduos instrumentalizados, capazes de mandar um torpedo, manipular fotos, brincar de ficar antenado (fofocar, na verdade) pelo facebook e “partilhar” fotos pela rede. Entretanto, somos incapazes de compreender a profundidade e a beleza da Divina Comédia de Dante Alighieri. Pois é, como esperar que pessoas tão descoladas exteriormente e rasas interiormente sejam capazes de reconhecer e diferenciar o sublime diante de suas vistas da deformidade inerente ao seu olhar? Ainda bem que possuímos um diploma para nos esconder do Sol da Verdade, não é mesmo?


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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