Foi assim que Evaldo aprendeu a trocar a falta de oportunidades pela esperança de uma vida melhor: lendo! - Quem não lê não sonha e não compreende os muitos significados que cada acontecimento guarda em si - diz ele, que começou a tomar gosto pelos livros ainda aos sete anos, quando se encantou com as histórias da cartilha Caminho Suave, da educadora Branca Alves de Lima. Evaldo lia tudo, e queria mais. Então passou a escrever, para se entreter com os próprios textos. Venceu um concurso de redação, foi premiado com o livro A Pata da Gazela, de José de Alencar, e despertou a atenção dos professores, que passaram a lhe emprestar livros, já que ele não tinha como comprar. Aos treze anos, precisou parar os estudos para trabalhar. - Mas nunca parei com a leitura - lembra. Embarcou na aventura dos irmãos Henrique e Eduardo, em A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, nos quadrinhos dos gibis, na bela história de Marta e sua família, em Açúcar Amargo, de Luiz Puntel, uma ficção que ele viveu na realidade, ao assistir de perto à greve de trabalhares em Guariba, interior de São Paulo, quando trabalhava como vendedor, sem imaginar que um dia estaria lendo aquela história. Os romances completariam seu gênero favorito, como Vinhas da Ira, de John Steinbeck, outro livro que trata de problemas sociais, rurais e urbanos. Foi assim que Evaldo, morador em Ribeirão Preto, viu que a vida se vive aqui fora, mas se pode viver mais em cada página dos livros. E por entender a leitura como uma importante ferramenta para aprender e evoluir, ele também voltou a estudar e conseguiu completar o ensino médio depois de casado. Hoje, aos 49 anos, dois filhos, executivo de negócios, Evaldo Aparecido Felício ocupa uma cadeira na faculdade. O curso é Gestão em Marketing. Mas bem que poderia ser “gestão de vida”. Nota do Editor: Galeno Amorim (www.blogdogaleno.com.br) é jornalista, escritor e presidente da Fundação Biblioteca Nacional. Criou o Plano Nacional do Livro e Leitura, no Governo Lula, e é considerado um dos maiores especialistas do tema Livro e Leitura na América Latina.
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