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Opinião
06/09/2011 - 17h01
A cana, o açúcar e o álcool brasileiro
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Tradicional produtor de cana-de-açúcar, o Brasil perdeu, nos últimos anos, a condição de país com menor custo de produção dessa matéria-prima. Austrália, África do Sul, Tailândia e, possivelmente, Colômbia e Guatemala, hoje têm cana mais barata que a nossa. Ruim para o Brasil que perde competitividade no mercado internacional do açúcar, onde é o maior produtor, e péssimo para todos nós, brasileiros, que acreditamos no álcool como substituto da gasolina e hoje enfrentamos sobressaltos no preço e no abastecimento. Até os plantadores de beterraba, base do açúcar produzido na Europa, estão em festa porque, com o encarecimento da cana brasileira, o seu produto volta a ser competitivo.

Chegada ao Brasil em 1533, pelos colonizadores portugueses, a cana-de-açúcar sempre teve destaque. Foi testemunha de todas as fases da vida nacional, explorou a mão-de-obra escrava, sustentou oligarquias e sempre foi peça importante. A chegada das usinas, em substituição aos engenhos rudimentares, no início do século passado, deu novo impulso ao setor, transformando-o em estratégico, primeiro para a economia brasileira e depois para a ecologia mundial. Seus produtos básicos – açúcar e álcool – têm larguíssima aplicação nos setores alimentício, farmacêutico e energético. Isso sem falar da controversa cachaça, uma instituição nacional.

Durante a 2ª Guerra Mundial, boa parte da incipiente frota nacional de veículos foi movimentada com álcool de cana. Na escassez da gasolina importada – naquele tempo ainda não havia produção nacional -, o governo instalou destilarias que reprocessavam a cachaça, transformando-a no álcool consumido pelos motores. Nos anos 70, também com aporte governamental, criou-se o Proalcool, que naufragou por várias razões, entre elas a falta de tecnologia nos veículos da época, mas deixou o álcool anidro para adição à gasolina no lugar do poluente chumbo tetra-etila. Em 2003, quando a indústria automobilística brasileira lançou os veículos “flex”, com um sensor de reconhecimento para rodar tanto com álcool quanto com gasolina ou com a mistura de ambos, o combustível de cana ganhou novo vigor. E, a partir daí, houve uma corrida pelo aumento e modernização do parque de produção. O mundo se interessou pelo produto, outros países já pesquisam o carro bi-combustível e nós, até então, donos da cana e da tecnologia, estamos novamente na corda bamba.

No começo da indústria automobilística, o Brasil era o maior produtor de borracha do mundo, mas perdeu o mercado para países asiáticos. Hoje, ainda somos donos da maior fatia do mercado internacional de açúcar e do etanol. É preciso fazer todo o possível para manter essa posição de mercado pois vastas regiões nacionais hoje têm sua economia baseada no setor sucro-alcooleiro. Espera-se que governo, produtores e a sociedade saibam preservar e usufruir positivamente dessa estrutura, criada à custa de muito esforço, suor, lágrimas e até sangue de tantas gerações de brasileiros.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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