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Opinião
21/09/2011 - 11h17
Para enfrentar a crise que vem do Norte
Antoninho Marmo Trevisan
 

Embora tenha merecido pouca atenção da mídia brasileira, o Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2011, divulgado mundialmente, dia 6 de setembro último, pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), apresenta conteúdo relevante, reiterando a gravidade conjuntural nos Estados Unidos e Europa e seus reflexos internacionais. O documento confirma que, após a rápida recuperação pós-crise de 2008, a economia mundial está desacelerando. Ante os cerca de 4% de crescimento em 2010, a expansão deverá ser de 3% este ano.

A queda somente não será mais acentuada graças à performance das nações emergentes e em desenvolvimento. Nesse grupo, a evolução média do PIB deverá ser de aproximadamente 6% este ano. No entanto, o crescimento previsto para as economias desenvolvidas, de no máximo 2%, eleva o risco de contaminação além-fronteiras. O mais grave (fato também observado no estudo da Unctad) é o esgotamento da capacidade de norte-americanos e europeus de alocar incentivos fiscais para reaquecer a economia. Apenas para lembrar, os Estados Unidos já ultrapassaram o seu antigo limite legal de endividamento público, conseguindo ampliá-lo aos “47 minutos do segundo tempo”, depois de terem tomado “cartão amarelo” das agências de rating, enquanto o Velho Continente faz verdadeiras prestidigitações para impedir o default de várias nações.

Como bem observa o relatório do organismo da ONU, o fim dos programas de estímulos fiscais escancarou a fragilidade do processo de recuperação das economias desenvolvidas. O setor privado não demonstra fôlego para a plena reativação dos mercados, o desemprego segue alto e os salários estão estagnados. Como se não bastasse, o endividamento das famílias continua elevado e o sistema financeiro, cético quanto à concessão de financiamentos.

A análise do estudo da Unctad permite reiterar o acerto de alguns fundamentos que nortearam a política econômica brasileira nos últimos anos, em especial o equacionamento da dívida externa e a constituição de uma reserva cambial que já alcança 300 bilhões de dólares. Esses foram os fatores que contribuíram para blindar nosso país em 2008 e 2009 e, mais do que isso, viabilizaram a concessão de incentivos fiscais para a compra de automóveis, linha branca, imóveis e outros bens geradores de mão de obra intensiva, sem provocar riscos de crise fiscal.

Assim, foi possível converter o mercado interno, acrescido de 53 milhões de novos consumidores desde 2003 (estudo “O emergente dos emergentes” – Fundação Getúlio Vargas/BID), em fator para a rápida recuperação no pós-crise. Novamente, deverá ser primordial contar com essa estratégia, pois são temerosas as perspectivas dos cenários externos. Pode-se aludir que o Brasil perca mercado para suas exportações, pois os grandes compradores estão retraídos, e sofra com uma queda nos preços das commodities. Além disso, exatamente porque nossa economia está aquecida, muitos exportadores, ao perderem mercado nos Estados Unidos e Europa, estão atacando os consumidores brasileiros, ajudados pelo valor excessivo do Real ante o dólar e o euro.

Ante tal conjuntura, é fundamental proteger a economia brasileira no comércio exterior, principalmente no contexto da concorrência desleal de países que reduzem o custo da produção ignorando as leis de mercado, salários dignos e processos fabris ambientalmente corretos. Ao mesmo tempo, será preciso manter vivo o mercado interno. Se conseguirmos fazer tudo isso, teremos melhores condições de vencer o tsunami em formação no Atlântico Norte.


Nota do Editor: Antoninho Marmo Trevisan é diretor-presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do Conselho deDesenvolvimento Econômico e Social (CDES).

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