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Crônicas
24/09/2011 - 10h01
Moça, cadê a doutora
Yara França
 

Cidade pequena do interior, pessoas simples, sem grandes aspirações. Necessidades as mais variadas e eles comodamente vão sobrevivendo.

Na praça central, cercada de ruas calçadas de pedras ficam os prédios principais da administração pública. Prefeitura, Fórum, Câmara e numa rua próxima o melhor hospital da cidade. Ao lado da prefeitura um prédio acanhado, mas heroicamente pintado em cores alegres e com uma cerca viva de alfinetes, não chama a atenção.

É pra lá que ela se dirige. Contra todos as expectativas, o interior é arejado, recém-pintado e aparelhado com cadeiras novas e uma mesa onde a secretária delicadamente instrui o público que a procura. Uma televisão passa filmes antigos e numa saleta ao lado, pintada com cenas de estorinhas algumas crianças brincam, supervisionadas por uma esperta mocinha. Ela timidamente se aproxima da secretária conta seu caso e diz que lhe falaram que ali pode ser atendida.

Os olhos grandes estão apreensivos e ela torce nervosamente as mãos, pensando se está no lugar certo e se terão como ajudá-la. Teme não ser entendida ou bem recebida. Um sentimento habitual dos desvalidos.

A secretária encaminha-a para uma sala e diz-lhe sorridente que ela será atendida. Ela se sente aliviada. Relaxa um pouco. Entra na sala e fica olhando dois quadros (um luxo), as duas cadeiras fofas e confortáveis, uma mesa com filtro e uma geladeirinha. Está mais tranqüila, mas ainda não se sente à vontade pra sentar.

A porta abre-se atrás dela e ela se vira espantada como se estivesse invadindo casa alheia ou fazendo algo indevido.

Uma mocinha, alta, magra, de jeans, camisa florida, sandálias altas que tornam sua figura mais esguia e, incongruência, mais parecida com uma adolescente.

A recém-chegada cumprimenta-a amistosamente, convida-a a sentar-se, pergunta se ela quer um suco, um chá e se acomoda, como se estivesse dando o exemplo pra ela sentir-se à vontade.

Ela se sente pouco à vontade, mas o gesto amistoso da recém-chegada ajuda-lhe a relaxar. Senta-se na ponta da cadeira, como se pronta pra fugir. Ocorre um silêncio e ela se sente no dever de dizer porque está ali. Precisa justificar-se.

- A moça lá da porta disse que a doutora vai me consultar e é pra eu esperar aqui. Será que ela demora?

- Eu sou C.., a psicóloga. A senhora pode ficar à vontade que eu estou aqui pra ouvi-la.

Se ela tivesse ouvido aquela mocinha dizer que era um ET não causaria mais espanto. Mas onde... essa é que é a doutora? É uma menina, mais nova que seus filhos.

Então, diante do olhar firme e amistoso da jovem, ela relaxa, se acalma, afunda na cadeira.

Começa sua sessão, que eles lá chamam de consulta. Uma novidade que o prefeito, de idéias arejadas, introduziu na cidade.

Quanto à psicóloga já se acostumou com o espanto daqueles clientes, gente simples pra quem uma moça de 25 anos com aparência de 19, nunca poderia já estar formada.

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