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Opinião
27/09/2011 - 11h00
A Comissão da Verdade vai entrar para a história!
Klauber Cristofen Pires
 
Arquivo KCP 

Parece que a tal Comissão da Verdade vai sair mesmo. Será que uma comissão escolhida a dedo por quem participou ativamente do movimento revolucionário ou por seus descendentes ideológicos vai se imbuir da isenção necessária para assumir a tarefa de trazer ao conhecimento do público o que de fato aconteceu?

Não tenho dúvidas: o nome orwellianamente escolhido já disse a que veio. Nenhum historiador decente em toda a humanidade houve de proclamar alguma obra sua como sendo "a" verdade, mas apenas expõe os fatos e a sua compreensão dos motivos, deixando aos leitores o encargo de formar a sua convicção. Se desfruta de alguma credibilidade, esta se assenta sobre o mérito, reconhecido por uma parcela significativa de estudiosos ou até leigos, e não sobre alguma declaração formal sobre a natureza do estudo ou de sua autoridade pessoal.

Muitas vezes, o legado de algum pesquisador representa o resultado de um esforço dedicado, sério e honesto, mas nem por isto se torna completo ou perfeito, suscitando assim o aparecimento de novos interessados, que vão pegar o bastão e aprofundar ainda mais as investigações, trazendo assim novas luzes ao saber público ou talvez, quem sabe, formulando novos problemas.

Alguém poderia de alguma forma imaginar algum historiador dizendo algo assim: "- este livro é o fruto de longos anos de pesquisa, mas não reflete a verdade: quem quiser conhecê-la, que aguarde as conclusões da Comissão de Verdade que o governo um dia há de criar sobre o assunto". Soaria bizarro, não é mesmo?

Instituições que levam um nome similar a alguma "Comissão da Verdade" são características dos regimes mais totalitaristas da face da terra. A China vive reescrevendo a sua história, ao sabor das novas políticas adotadas, sempre votadas, curiosamente, por unanimidade.

No livro "A Revolução dos Bichos", este processo é caricaturalmente destacado pela lei de uso da cama e pela biografia do porco Bola-de-Neve, um dos fundadores da revolução. A cama, antes proibida para todo e qualquer bicho, teve aos poucos o seu texto modificado para acomodar graduais exceções, praticamente imperceptíveis se consideradas uma em relação à anterior, de modo a atender aos interesses dos porcos que representavam a elite dirigente. Já Bola-de-Neve, um combatente na guerra contra os humanos que tentaram retomar a fazenda (uma possível alusão à malfadada tentativa da retomada de Cuba pela invasão da Baía dos Porcos), teve a sua biografia progressivamente rebaixada do status de herói para o de traidor da pátria.

Como deveremos classificar os eventuais livros futuros ou mesmo os passados que desmintam com respeitável amparo documental o que a proclamada "Comissão de Verdade" há de declarar? Deverão ser queimados em praça pública?

A dita Comissão da Verdade tem um alvo principal e outro secundário: preparar o terreno para um revisionismo da Lei da Anistia ou, frustrada esta tentativa, achincalhar mais uma vez o papel desempenhado pelas Forças Armadas por terem impedido a revolução socialista que pretendia fazer do Brasil uma grande Cuba, assim como simultaneamente enaltecer o culto à personalidade dos fracassados subversores e de sua ideologia, hoje capitaneada pelo PT. Talvez ainda reste um terceiro alvo, de oportunidade: dobrar as Forças Armadas a abraçarem a ideologia espúria.

Há sim um perigo aí, especialmente para os militares. Os argentinos e colombianos que o digam. Não obstante, o que mais enxergo deste episódio da história brasileira é a mancha que nenhum sabão em pó ou alvejante será capaz de remover. A mera constituição de tal comissão há de rebaixar o conceito do Brasil como uma pátria na qual a liberdade de expressão está com os seus dias contados. Estamos nos sentando junto à China, à Coreia do Norte, à Cuba e a outros regimes liberticidas do mundo.

O que sobrou das sucessivas reedições da história pelos soviéticos? O conhecimento, hoje, de que Stalin apagava os seus desafetos das fotos. Então, o que vai sobrar da Comissão da Verdade? Pois vou dizer: o que vai sobrar não é a história contada pela comissão, mas a comissão contada pela história.


Nota do Editor: Klauber Cristofen Pires é bacharel em Ciências Náuticas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, PA. Técnico da Receita Federal com cursos na área de planejamento, gestão pública e de licitações e contratos administrativos. Dedicado ao estudo autodidata da doutrina do liberalismo, especialmente o liberalismo austríaco. Possui artigos publicados no Mídia Sem Máscara, Diego Casagrande, Domínio Feminino, O Estatual e Instituto Liberdade. Em 2006, foi condecorado como "Colaborador Emérito do Exército", pelo Comando Militar da Amazônia.

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