Mais de 120 países realizaram no início do mês de agosto a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Ser mãe é uma das maiores maravilhas possíveis e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade. Criar e educar uma criança exige muito de toda a família, mas há uma tarefa de extrema importância que fica a cargo exclusivo da mulher: amamentar. O objetivo desta semana foi justamente incentivar a amamentação e, consequentemente, melhorar a saúde dos bebês Rico em proteínas, gordura e anticorpos que ajudam a proteger o bebê nos primeiros meses de vida, o leite materno é, sem sombra de dúvida, o alimento mais completo para os recém-nascidos. Justamente por isso, é indicado como única fonte de alimentação até os seis meses e como complemento até os dois anos de idade da criança. Entre os benefícios comprovados do aleitamento materno estão melhoria na qualidade de vida dos bebês, redução em até 50% nas taxas de infecção respiratória e gastrointestinais, diminuição de ocorrência de diarréias, desidratação e desnutrição, auxílio no desenvolvimento intelectual e reforço do sistema imunológico do bebê. Além disso, o não-acúmulo do leite evita o doloroso empedramento da mama. As mães que amamentam têm menor incidência de câncer de mama e diminuição do sangramento pós-parto. Boa parte das mães brasileiras sabe de todas essas vantagens e se esforça para dar o peito à criança pelo maior tempo possível. Uma pequena parte, é fato, não consegue amamentar por razões externas a elas, sobre as quais não têm controle, e não devem se sentir culpadas por isso. Infelizmente, no entanto, muitas não amamentam porque “é mais fácil” dar mamadeira ou ainda porque voltam ao trabalho após o término da licença maternidade e deixam de lado o aleitamento. É importante, no entanto, que essas mães – e as empresas nas quais trabalham – se conscientizem de que é possível conciliar horários ou até mesmo deixar o leite materno armazenado corretamente em casa, na creche ou na escolinha, para que a criança o receba. A média nacional de aleitamento materno até os quatro meses é muito baixa: 32%. Mas isso acontece justamente pela falta desta conscientização de que é possível e necessário amamentar. O Hospital Paulo Sacramento (HPS), em Jundiaí, é um exemplo de que isso é possível. Ele foi o primeiro do país receber a certificação de "Hospital Amigo da Criança", concedida pela UNICEF e pelo Ministério da Saúde, em razão do trabalho exemplar que realiza na promoção do aleitamento materno. Lá, graças a um Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno, 80% das mães que deram à luz no hospital amamenta no mínimo até os 4 meses de vida da criança, mais do que o dobro da média nacional no mesmo período. O trabalho é contínuo, razão pela qual, 24% das mães que passaram pelo Paulo Sacramento continuam amamentando seus filhos aos seis meses, índice igual ao encontrado no Canadá e superior ao dos Estados Unidos (20%) e Grã Bretanha (21%). O programa, que também vem tendo sucesso em outros hospitais da rede Intermédica, tem sucesso graças a um planejamento e acompanhamento bem feito das mães, bem como a uma conscientização promovida por profissionais de uma equipe multidisciplinar (obstetra, enfermeira-obstetriz, nutricionista e psicólogo). Aliás, como o acompanhamento e conscientização das mães começam na gestação, há outro número importante conquistado, em relação a partos normais. Nos hospitais da rede própria da Intermédica, 50% dos partos são cesarianas, enquanto a média nacional chega a 80%. Esse fato resulta em índices de cesárea abaixo da média do mercado e reduz em 30% a necessidade de UTI neonatal. Ser mãe, como se vê, envolve muito mais trabalho – da própria mãe e de muitas outras pessoas – do que se pensa. Mas é preciso ter em mente sempre que o ideal é cuidar sempre da saúde para ter melhor, e não apenas ir atrás dos médicos quando se têm algum problema. Neste sentido, a amamentação continua sendo uma das melhores armas da medicina preventiva e da natureza humana para que nossos filhos cresçam com melhor qualidade de vida. O leite materno é sadio, é fundamental ao bebê e é de graça. Independentemente da Semana Mundial de Aleitamento Materno, é preciso que mais e mais mães – de todos os países e em todos os meses do ano - saibam disso e constatem que, assim como os filhos em si, amamentar pode dar trabalho, mas vale toda a pena. Nota do Editor: Pedro Onófrio é diretor médico do Grupo NotreDame Intermédica.
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