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Opinião
06/10/2011 - 17h06
O direito de inclusão de jovens indígenas
Sylvia Romano
 

A questão indígena sempre chamou muito a minha atenção. Já escrevi alguns artigos abordando questões que, como espectadora de fatos, embora leiga no assunto, me deixam indignada. São temas como “Zoológico Humano”, “Japoneses e Índios” e “A FUNAI e suas posturas segregacionistas e protecionistas”, com as quais discordo em sua grande maioria.

Ao ter acesso aos livros “Nossos Olhares Sobre a Cidade”, “Olhares sobre o Futuro” e “Jovens Indígenas e Lugares de Pertencimentos”, todos organizados por Maria de Lourdes Beldi de Alcântara - mestre em Antropologia, doutora em Sociologia e pós-doutora em Psicologia Social -, que brilhantemente denunciou a atual situação dos nossos jovens indígenas, minha indignação ficou ainda maior. Nas obras as angústias, os medos e os desejos desses autênticos brasileiros chocam qualquer um que venha a ter um mínimo de discernimento e piedade com o ser humano.

Os jovens índios, principalmente da reserva de Dourados (MS), têm altíssimos índices de suicídio, não são aceitos pelos reacionários (os mais velhos) das próprias tribos e sequer pela população das cidades, ficando totalmente à margem da sociedade com a sensação de não pertencerem nem às suas tribos, nem aos brancos ditos colonizados. São atraídos para o universo das drogas, do alcoolismo e da prostituição por pura falta de opção, sem acesso à vida dita civilizada ou primitiva, sem saber a qual universo pertencem e o que são, e com uma baixa estima como nenhuma outra encontrada em populações adolescentes.

O livro “Nossos Olhares Sobre a Cidade” é ilustrado por fotos produzidas por sete jovens da Reserva de Dourados e segundo a antropóloga, “vivendo em situações absurdas de desrespeito e de desamparo esses jovens tentam criar espaços que se tornem lugares de pertencimento para que possam ser reconhecidos. Com essa finalidade a imagem (fotos) tornou-se um dos maiores veículos de expressão de suas alegrias, angústias, desgostos, revoltas mas, acima de tudo, expressou e expressa o olhar deles e suas percepções sobre o mundo. Eles são jovens indígenas que reivindicam seus direitos. São cidadãos e exigem respeito e querem exercer, com razão, seus direitos”.

Espero que o trabalho de Maria de Lourdes Beldi de Alcântara seja o início de uma nova mentalidade sobre a questão indígena no País, na qual a sanha mercantilista de madeireiros, mineradores, criadores de gado, agricultores, missionários, caciques escravagistas e burocratas governamentais sejam relegados a último plano, e que a vontade dessa geração de jovens e autênticos brasileiros venha a ser levada em conta, que é a sua inclusão na sociedade moderna e contemporânea.

Cultura e tradição devem sim ser preservadas, mas em museus, livros e festivais culturais e, não, mantendo-se uma população segregada, criando-se tribos ignorantes e exploradas dentro da própria nação.


Nota do Editor: Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo. E-mail: sylviaromano@uol.com.br.

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