Efêmero (que dura um dia) e efeméride (fato para ser lembrado ou comemorado por um dia) têm a mesma origem... O Dia das Crianças, uma efeméride, foi criado por decreto em 1924 no governo de Arthur Bernardes, mas só ganhou força na década de 60 do século passado, quando o diretor de uma fábrica de brinquedos utilizou essa ideia como uma estratégia de marketing, sendo seguido por outras indústrias na promoção de seus produtos. Objetivo atingido, restou ao público comprar ideias e objetos que o competente marketing infantil introduziu a rodo no mercado. Assim, as eficientes ferramentas promocionais foram cada vez mais garantindo que as famílias se encantassem com a ideia, nem sempre de forma crítica, e a disposição de pais atarefados foi crescendo para oferecer neste dia o que lhes parece ser uma atenção especial aos filhos. No entanto, na roda viva em que se transformaram os nossos dias, se não questionarmos nossa voracidade consumista, não serão os pequenos que o farão – estes passaram a ser os alvos preferenciais da mídia publicitária e se tornaram fortes influenciadores para as compras. Alguns movimentos já existem para questionar os nossos impulsos de consumo (inclusive escolas se preocupam com isso!). É possível aderir. De volta ao título, fica a simples realidade: todos os dias têm que ser dias das crianças a partir do momento em que decidimos ser pais e mães. Então, cuidado: se é difícil abolir a ideia, que tal somente uma pequena lembrança material e a disposição de sempre para programas domingueiros especiais com a criançada? E se for possível, “sabadeiros e sexteiros”... E não nos deixemos cair em tentação... Amém! Nota do Editor: Emília Hardy é educadora, diretora da Escola Projeto 21 (ex-Palmares).
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