Algumas coisas são fora do padrão de normalidade no comportamento das pessoas. Quando isso não é proposital, para chamar a atenção e também se não é caso de loucura mesmo, chamo de pirações. As pirações variam de níveis, de intensidade e freqüência, mas se os sintomas persistirem, procure um médico. Entre as minhas pirações posso citar que coloco o açucareiro na geladeira, blusa do lado avesso, meias que não formam pares e até um dia, há bastante tempo, estava estudando na cama e levei o controle remoto da TV deixando minha calculadora no lugar dele. Fico preocupada com as coisas muito improváveis, quando coloco sabão em pó na geladeira, por exemplo. É certo que fui distraída no trajeto ou meu cérebro estava ocupado com algo mais importante. Na hora, dá medo, porém acabo achando graça e penso estar salva, pois não tinha ninguém olhando. Bobagem, logo conto para todo mundo. Gosto de rir dos meus erros. Quando exponho minhas loucuras alguém logo fala das suas e olha que tem pirados. Colocam tênis em um pé e sapato no outro, se arrumam e saem para trabalhar em pleno domingo e são avisados pelo segurança da empresa que não tem expediente nos finais de semana. Esquecem de buscar as crianças no colégio, a mulher no shopping. Esquecer a mulher é enganação, pode até ser verdade ou um impulso contido, sabe-se lá. Um bom remédio para muitos males e pirações, usado largamente como prevenção é tirar férias. Largar o relógio de lado, curtir a natureza, fazer o que a gente gosta, relaxar. Se não der para tirar férias, pelo menos um fim de semana prolongado ou pequenas doses, durante o ano, de cinema, paz, caminhada, boa companhia. É meu tratamento anti-pirações e não tem contra-indicações.
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