O ministro Orlando Silva começou a semana, pelo menos, desconfortável. Depois de ser chamado de “bandido” pelo seu ex-companheiro de partido que o denuncia por receber propina e manter esquemas de fraude na área de esportes, e da televisão dar, em rede nacional, o caso do Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, que teria servido para desvios de dinheiro público e não cumpre suas metas, o ministro tem muito a explicar. Esperto, ele já corre pela tangente, dizendo-se vítima da cobiça política do seu cargo, que ganha importância com a realização da Copa do Mundo no Brasil. O povo, que já viu tanta impunidade, está começando sua mobilização pela moralidade e contra a corrupção. O que se espera, neste momento, é transparência. Orlando Silva e aqueles que o denunciam, assim como todos os implicados nas irregularidades têm de ser compelidos a revelar e provar tudo o que sabem. E, a partir daí, o Estado, através do Ministério Público e da Justiça, terá como promover as devidas reparações e a penalização dos efetivos culpados. A sociedade não deve tolerar mais que a simples demissão dos envolvidos seja a chave para a finalização dos processos. Mesmo depois de apeados dos cargos, continuam eles tendo responsabilidade sobre aquilo que fizeram (de bom ou ruim) quando exerciam a função pública. Da mesma forma, todos os denunciadores têm o ônus da prova que, se não cumprido, exige punição. Para o bem do seu governo, a presidenta tem de exigir o completo esclarecimento desse triste episódio. Além das auditorias e sindicâncias do Executivo, é interessante acionar a Polícia Federal para, com os seus recursos, possa levar a fundo os esclarecimentos das atividades suspeitas do Ministério dos Esportes e seus conveniados e, se necessário, se faça as apreensões de equipamentos e documentação e até a prisão de envolvidos que possam atrapalhar as investigações e os esclarecimentos. Não queremos a caracterização de um estado policial, mas quando os casos são da magnitude do que agora é denunciado, a polícia pode ser o único “remédio” para o rápido deslinde. A sociedade e o povo clamam por uma mudança radical de procedimentos. Todos os envolvidos em casos de corrupção devem ser exemplarmente investigados e, quando confirmada a irregularidade, têm de receber a mais severa das condenações. O dinheiro público é sagrado e só pode ser aplicado em serviços e bens públicos. Há que se endurecer o jogo com todos os que desviarem verbas em benefício próprio ou de terceiros. A falta desse dinheiro em sua destinação pública priva o povo de educação, saúde, moradia, trabalho e uma série de outros direitos básicos. Queremos ver o caso do Ministério do Esporte totalmente esclarecido e os faltosos exemplarmente punidos. Independente de quem sejam. Bom seria se também pudéssemos ver punidos os implicados nos casos dos sanguessugas, dos mensalões, do dinheiro na cueca e de outros que ainda ecoam pelos quatro cantos do país... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
|