Qualquer mãe que leve o filho para uma caminhada sabe que o adulto anda mais rápido do que a criança. Mas por que as crianças são tão lentas ao andar e se queixam tanto do cansaço que até pedem colo? Há explicação para isto. Recentemente, Peter Weyand, da Southern Methodist University, nos Estados Unidos, estudou os efeitos que a escala de tamanho tem sobre as funções fisiológicas, mais especificamente relacionadas ao ato de caminhar. Inspirado pelos estudos do cientista suiço-americano Max Kleiber (1893-1976), o primeiro a fazer medições acuradas entre o gasto de energia e o tamanho do corpo de animais - ao comparar animais de diferentes portes em repouso e o respectivo consumo de energia -, Weyand elucida que adultos gastam menos energia para movimentar cada grama do corpo comparado às crianças, que dispendem de muito mais energia corporal para percorrer o mesmo espaço. Por isso, se queixam. Interessado em conhecer a regra do metabolismo, Weyand uniu-se a estudiosos da área da nutrição para medir as taxas metabólicas de crianças e adultos ao caminhar. Os testes para buscar as razões pelas quais adultos são mais econômicos ao caminhar do que crianças foram realizados com pessoas de 5 a 32 anos de idade, pesando entre 15,9 e 88,7 quilos e medindo entre 1,07 e 1,83 metros. Foram medidos o consumo de oxigênio e a produção de dióxido de carbono. Em seguida, calculou-se a quantidade de energia que cada pessoa usou para andar, subtraindo a taxa de energia necessária para manter as funções metabólicas básicas do corpo, o metabolismo basal. A equipe verificou também como cada pessoa andou, medindo o tamanho e a duração do passo e relacionando com o porte físico do caminhador para saber se há diferença entre pessoas, grandes e pequenas. A análise constatou que todos andam de maneira semelhante no que se refere ao gasto de energia: independente da altura, as proporções se mantém. Uma criança tão alta quanto um adulto, poderá ter um desempenho igual ao de um adulto em uma caminhada. Portanto, a questão da diferença do gasto energético não está relacionada à idade e sim às dimensões. A equipe calculou o gasto metabólico de um passo de cada caminhante e descobriu que todos despendiam a mesma quantidade de energia para o movimento, independente da altura. Mas então, por que a criança se cansa tão rápido? Pessoas mais baixas têm pernas mais curtas e é por isso que gastam mais energia ao caminhar, já que para percorrer o mesmo trajeto, precisam dar mais passos do que as pessoas mais altas. Por isso, não se culpe por não poder acompanhar a caminhada de uma pessoa maior, com seus passos amplos. Dar uma maior quantidade de passos é o que consome mais energia. Portanto, os passos curtos queimam mais calorias do que os mais largos. Sendo assim, a dica para perder peso é caminhar com passos pequenos. As análises trouxeram um novo entendimento. Pesquisas anteriores, apontavam para resultados de que os jovens gastam mais calorias ao caminhar do que os mais velhos. Agora, os testes indicam que não há relação com a idade e sim com a massa corpórea. É o tamanho do caminhador que leva a gastar mais ou menos energia ao caminhar. A energia gasta é inversamente proporcional à altura do caminhante, isto quer dizer que os pequenos gastam mais calorias porque precisam dar mais passos para cobrir a mesma distância do que uma pessoa alta, que tem passos mais largos e se locomove com menos passos. De acordo com The Journal of Experimental Biology, uma publicação científica norte-america, com base nesta descoberta, os cientistas formularam uma nova equação que leva em conta a altura e o peso para calcular quantas calorias a pessoa queimaria para andar uma determinada distância, independente da velocidade. Os pesquisadores também estão empenhados em descobrir os gastos metabólicos, independente da velocidade. Agora, está explicado porque as crianças ficam mais cansadas: são pequenas e utilizam mais energia para percorrer determinada distância por movimentar-se mais para locomover cada grama de seu corpo se comparadas a adultos. Uma conclusão importante que o pesquisador chegou é de que depois de atingirem os cinco anos de idade, todos caminham da mesma maneira, portanto, jovens e idosos não diferem em sua marcha, em estudo que não considerou o fator velocidade. Nota do Editor: Fabio Ravaglia é médico ortopedista e presidente, desde 2005, do Instituto Ortopedia & Saúde (IOS) - organização não governamental que tem a missão de difundir informações sobre saúde e prevenção a doenças, principalmente aquelas associadas à terceira idade, e que organiza o Projeto Cidadania - Caminhadas com Segurança, evento mensal que incentiva a atividade física e conta com uma feira de saúde aberta à população para a realização de exames gratuitos. O dr. Fabio Ravaglia é membro do corpo clínico externo dos hospitais Albert Einstein, Oswaldo Cruz, Sírio Libanês e Santa Catarina; membro emérito da Academia de Medicina de São Paulo (cadeira 118, patrono Ernesto de Souza Campos) membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Sbot; e diretor-presidente da Arthros Clínica Ortopédica.
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