A situação da USP, que nos últimos dias se tornou refém de seus alunos, é uma clara demonstração do momento em que passamos em nosso País. Situação da qual pessoas privilegiadas por estudarem em uma instituição de renome, que serão os “profissionais mais capacitados” de amanhã, buscam com confrontos truculentos, a isenção do cumprimento de regras impostas aos demais cidadãos de bem de nosso País. Mas o que se vê só é o reflexo de uma crise muito mais séria em todas as áreas de nosso dia a dia. Temos “cracolândias” que se instalam e fazem parte dos noticiários diários e também parecem ser campos neutros. Temos milícias descaradas e governos paralelos, como no Rio e veladas como é o caso de São Paulo. Vemos diariamente desvios de políticos que se revezam no poder, alterando claramente somente quem vai “dividir” a propina e os desvios. Desvios nos ministérios do esporte, dos transportes e tantos outros. Prefeitos cassados, vereadores presos, mas diante da fragilidade de nossas leis não ficam presos por muito tempo e nem devolvem aos cofres públicos o que desviaram. O lance do momento parece que é ser corrupto ou fraudador. O corrupto tem maior influência e status, tem seus filhos nas melhores escolas e universidades particulares e públicas, tem os melhores tratamentos de saúde e se é político (ou ligado ao poder) pode fazer leis, alterá-las ou usar de sua influência para fazê-lo de tal forma que as penas sejam mais brandas (ou nem os alcance). É a falência do Estado. É a lei do cão instalada. Tente denunciar um corrupto. Será repudiado e execrado pelos influentes, isolado pelos homens supostamente de bem, mas que são covardes e pra mim a omissão ou a conivência os tornam do mesmo naipe. Os supostamente de bem que se calam são como prostitutas que se vendem porque precisam se alimentar. Quase não há prazer. Só necessidade.

A certeza diante de todo esse caos é uma só. Há que se rever de maneira severa quem colocamos para nos governar. Se colocarmos pessoas com desvios de conduta no poder, certamente não farão nada contra seus semelhantes (espírito de corpo ou falta de moral), pois quanto mais bagunça melhor. Quando não apoiamos projetos que buscam a moralidade como é o caso do ficha limpa, estamos apoiando os desvios e sua perpetuação. A USP não tem somente 200 alunos (número apresentado pela imprensa como os que confrontaram a PM), logo, cadê os demais. Se calam? Dá a impressão que o ponto é muito maior do que 03 pessoas fumando maconha. Não se cale. Denuncie. Assim estará valorizando seu País.

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos.

Antenor Ricardo Benetti
antenorbenetti@hotmail.com
Funcionário público municipal (Ubatuba) há 23 anos, gestor público de formação e acima de tudo cidadão.