As escolas, no decorrer do tempo, perderam muito da sua dinâmica. O sarau envolvendo o máximo de “todo mundo escolar” é um exemplo disso. Em Ubatuba, nos últimos anos, presenciei poucos saraus capazes de mexer com as turmas, de causar empolgação. O professor Maurício, falecido no início do ano passado, era um grande motivador de saraus. Pena que tenha partido tão cedo. Ultimamente tenho acompanhado indiretamente o trabalho de uma professora da escola municipal Tancredo Neves. Pelos ensaios e pelos comentários empolgados dos alunos, ouso dizer que o evento previsto para a próxima sexta-feira (18/11) será maravilhoso. Infelizmente ainda não escutei nada igual dos professores, mas quero acreditar que podem se salvar muitos.

É um trabalho minucioso que passa pela seleção das poesias e das músicas, pela organização dos ensaios, da previsão do tempo e da montagem do espaço para que tudo dê certo no dia. Importante: tudo isso e muito mais para que o aluno seja o principal, aquele que se realizará ao máximo com as apresentações do dia. Afinal, é fácil encantá-los com músicas, poesias, danças etc.

Deduzo, pelas experiências passadas em escolas, que deve haver os movimentos contrários: fofocas, torcidas negativas, falta de cooperação até mesmo de professores para o pleno sucesso do evento. Afinal, tudo isso não é novidade nesse meio: trata-se de ciúmes, de infantilidades que perseguem muitos até mesmo em vésperas de aposentadoria. Sabe quem diz isso? Os próprios alunos deixam escapar as coisas que vão percebendo. Eles são sensíveis, percebem as carrancas, os biquinhos, as comiserações dissimuladas (ou não); sentem coisas até indizíveis de mestres e de gestores. Porém, transformemos tudo isso em suspense para a torcida do “Sarau do Tancredo”, na próxima sexta-feira. A escola e a cidade merecem viver experiências realizadoras, que causem satisfação. Desejaria que muitos professores aprendessem mais sobre a dinâmica dos saraus participando dessa oportunidade possibilitada pela Escola Tancredo Neves. (Quem sabe não está na hora de ativar “olheiros da cultura” para encaminhar futuros músicos, dançarinos e poetas). Boa sorte a todos, sobretudo a quem está diretamente na organização!

Wendell Pestallozzi
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