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Opinião
23/11/2011 - 07h00
Democracia grega
Gilberto Rodrigues
 

Capital europeia do cinema, a cidade de Cannes foi palco da reunião do G-20, cuja missão principal era resolver, de uma vez por todas, o problema da Grécia. Chefes de Estado e de governo, ministros, diplomatas e técnicos, tentavam dar corpo final ao plano de resgate grego, visto como um ato de salvamento da própria União Europeia.

Quando tudo parecia acertado e apalavrado, o primeiro-ministro grego, Papandreou, declarou que iria submeter o plano a um referendo em seu país. Como paralisados pelas cinzas de um Vesúvio, chocados pela surpresa, líderes e burocratas presentes em Cannes não acreditaram naquela fala. O diretor de cinema anfitrião, a França, pediu para parar o filme e rodar novamente a cena. Não havia referendo, nem plebiscito no roteiro; isso tornaria indefinido o resgate, e a produção cinematográfica do G-20 tem recursos finitos, além disso a fita tem que ser concluída ainda nesse ano.

O ator grego, que depende do salário da UE para sobreviver, não teve outra saída a não ser guardar o seu script doméstico no bolso e refazer a cena, com as palavras esperadas: o plano é bem-vindo e nada de referendo! Contudo, ninguém se convenceu da interpretação de seu papel, visivelmente forçado; e a reunião da bela Cannes entrou para a história como um filme que teve a melhor cena cortada pela produção.

Berço da democracia ocidental, modelo universalizado de comportamento político, a democracia grega sofreu ali uma fissura em seu edifício. Seu patrimônio cultural deveria ser interditado para uma restauração emergencial, sob pena de ruir e se perder. A mensagem de Cannes é tão perigosa, ou mais, para o mundo, do que seria a bancarrota da economia grega para a União Europeia. A mensagem lançada é “o povo não deve opinar sobre esse assunto”.

Obcecados em preservar o seu legado econômico e sua influência política, ao mesmo tempo apegados à temperatura de seu eleitorado interno, os líderes europeus sacrificaram o que de fato identifica a Europa e a sua cultura como civilização. A reunião de Cannes era para gerar um bom documentário; verteu uma tragédia grega.


Nota do Editor: Gilberto Rodrigues é professor de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina.

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