Poder Político e Fé Cristã são divergentes. A fé cristã tem um objetivo, a política tem outro. A religião visa uma organização espiritual do ser humano, através da fé, para a salvação da alma e consecução da vida eterna, no sobrenatural Reino de Deus. O Poder Político visa a organização social e jurídica do Estado, com arrecadação de tributos para distribuição de benefícios sociais na Terra. Não se descarta o poder da fé cristã nos meios governamentais, quando essa fé é pessoal do político, não de influência de igrejas. O político que governa sob a influência de qualquer igreja, não governa, desgoverna. Igrejas ou ministros de igrejas envolvidos com o Poder Político, não têm objetivo religioso, eis que não conseguem ser equilibrados líderes espirituais de suas ovelhas e de seu rebanho, como já temos fatos comprovados pela História. Em pleno século XXI, depois de decorridos mais de 2.000 anos, não podemos mais acreditar na teoria monárquica Teocrática, como querem acreditar americanos do norte e islâmicos, que praticam atos de guerra, de verdadeiros terrorismos políticos, em nome do comando divino. As igrejas se afastam do “Deus da Salvação” e buscam o “deus de capital”, de puro mercado, para sustentar a organização financeira de seus templos suntuosos, sem medir conseqüências na liderança espiritual de seus fiéis. A pior fase da Igreja Católica foi quando se envolveu com a Política. Chegou à Inquisição, praticando atrocidades, em nome do Poder Estatal e da tão propalada teoria Teocrática, esquecendo os princípios da fé cristã. Quem leu “A Outra Face do Diabo”, tirou conclusões do ponto a que chegou a sociedade européia, na Idade Media, em função das atrocidades da Igreja Estado. Foi quando mais cresceram as bruxarias. A própria Máfia surgiu na Itália, como justiceira, em uma ilha não tão distante de Roma, uma reação às injustiças sociais que apareceram em função da Igreja Estado. O apóstolo cristão Pedro edificou a sede de sua igreja no centro político do Império Romano. A sede da Máfia foi edificada em ilha, a pequena distância desse centro. Ao contrário do objetivo do cristianismo, a primeira igreja cristã misturou Religião e Política, mas por razão de conflito, eis que tanto o Poder quanto o movimento cristão estavam desgastados nesse conflito entre Igreja e Estado. A lógica era mesmo conciliar. A Igreja de Pedro conciliou muito com o Poder Político, até assumir o Poder de Estado, o que não deu certo, vindo a separação. O poder político é como a libido: cria uma ansiedade viciosa e quase sempre desequilibra pessoas de caráter fraco. Não resta dúvida de que a fé cristã só reina no Poder de Deus. No Poder Político parece que reina mais o limitado, porém ativo, poder do diabo. Exemplo disso é a corrupção, responsável pelo sub-desenvolvimento, pela miséria e morte de muitas pessoas que não conseguem sequer socorro médico. O dinheiro roubado pelos políticos corruptos daria para se criar muitos equipamentos de educação, cultura e saúde, porém servem para o enriquecimento ilícito, orgias e prazeres materiais dos que detém o Poder. É mais fácil instalarem-se filiais do inferno nos meios governamentais políticos do que coro de anjos. Por isso o meio político não é mais um meio social para envolvimento de igrejas, religiões ou pessoas que ministram a fé Cristã. Recentemente, assistimos à dissidência e declarações dos monges orientais a respeito. Eles chegaram a conclusão de que não dá para conciliar fé espiritual e política. Precisamos separar a profissão de fé da profissão de política. Precisamos dar a Cesar o que de Cesar e a Deus o que é de Deus. Aqueles que misturam em igrejas o poder da política ou do comércio ilícito não podem viver o poder da fé, não podem pregar o conforto espiritual da crença na Palavra Cristã, e, sendo ministros, não podem dirigir seu rebanho para o caminho da Verdade e da Vida Eterna e da Luz do Reino de Deus. Correm o risco de sujarem-se na lama da política corrupta ou do comércio ilegal. Uma igreja não se mede por seu patrimônio material. Mede-se por sua espiritualidade ou religiosidade, isto é, uma igreja só pode dizer-se grande quando cresce espiritualmente. O Poder Político só pode ajudar uma igreja a crescer materialmente, jamais espiritualmente, o que, por si só, dispensa comentários. O crescimento espiritual e religioso de uma igreja depende somente da fé coletiva de seu rebanho e do comando do seu líder espiritual. Nenhum pastor consegue conduzir seu rebanho pelos caminhos da fé quando está adorando o ouro que ornamenta os espaços materiais do Poder Político. E se o pastor pede ajuda do Poder, sem dúvida, essa ajuda só pode ser material, porque ajuda espiritual só pode ser oriunda da fé de seus fiéis, que nunca poderá ser deturpada por nada material, nem explorada política ou monetariamente.
Nota do Editor: Claudionor Quirino dos Santos é bel. em Ciências Sociais e advogado.
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