Tenho visto a convocação para os paraenses comparecerem ao plebiscito para a criação de dois novos Estados: Tapajós e Carajás. Isso me fez lembrar que há muitos anos foi ventilada a idéia de criarem uma província diferente que abrangeria uma área de terra desde a Serra de Boiçucanga em São Sebastião, São Paulo até a Cidade de Angra dos Reis no Rio de Janeiro e pelo interior ela seguiria por Minas Gerais até a divisa com o Mato Grosso.

Os sebastianenses mais antigos, entre eles meus tios e meu avô paterno conversavam sempre sobre este assunto.

Os antigos funcionários do Porto e da Dersa também tinham conhecimento sobre isso, o saudoso Nelson, cunhado do Geraldo de Buta, se aposentou trabalhando na Balsa e muitas vezes falou comigo sobre isso.

Quando o Vito D’Alessio e o Daniel Pascalicchio estiveram pesquisando para editar o livro “Dias de Caiçaras”, saíram em busca de mais informações e conseguiram detalhes sobre essa nova Província.

“Em 1873, seguindo o projeto de divisão do Império do Brasil, o deputado Cruz Machado propôs a criação da Província Sapucahy, uma região que seria compreendida na parte litorânea pela Serra de Boiçucanga ao sul e, ao norte, por Angra dos Reis. A província estender-se-ia até o Mato Grosso, passando pela Serra do Mar, Bocaína, Mantiqueira, territórios das Minas Gerais e noroeste paulista. O projeto não foi aprovado e hoje é difícil encontrar informações precisas sobre as razões que levaram o deputado a propor este plano ou mesmo se havia implicações sociais ou econômicas para essa divisão, porém isso reforçou a nossa idéia de identidade do trecho litorâneo.”

Sempre que vejo algum governador reinaugurando o Porto de São Sebastião, fico pensando que se este Porto fosse de outro Estado, já teria se tornado o maior porto brasileiro, mas enquanto tiver que competir com o Porto de Santos para receber recursos, estará sempre em segundo plano.

Pesquisa: Dias de Caiçaras - Paraty - Ubatuba - São Sebastião - Vito D`Alessio e Daniel Pascalicchio - Dialeto Latin American Documentary - 2006