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SEÇÃO
Crônicas
06/12/2011 - 10h02
Promessas
Antonio Brás Constante
 
(Até que chegue a hora de desmentir tudinho)

As promessas são contratos firmados pela consciência, sujeitas a mudanças no decorrer dos acontecimentos dependendo de quem as façam.

São muito populares nas campanhas eleitorais, funcionando como moeda de troca. Você dá seu voto em troca da esperança de melhorias na sociedade, vencendo quem dispõe do melhor discurso, ou que sabe enrolar e cativar o maior número de eleitores com as melhores e mais doces mentiras.

Mas o mundo não é feito apenas das promessas políticas no período eleitoral. Existem também as famosas juras de final de ano. Aquelas que a pessoa faz de coração, pois se usasse a cabeça talvez não as fizesse.

Quem no último dia do ano nunca prometeu deixar de beber, ou de fumar, ou mesmo que começaria a ler aquele livro recebido de presente. Alguns dão sua palavra que mudarão de emprego, outros apostam que não jogarão mais.

Pense, por exemplo, na promessa de começar uma dieta. Você promete e logo em seguida se esbanja no banquete de reveillon, sem culpa, pois sabe que o juramento começará a valer apenas no dia seguinte.

Nos primeiros dias após a festa a promessa segue tranqüila, até então o seu organismo está se curando da ressaca e do excesso de porcarias que você comeu.

O tempo vai passando e as dificuldades aumentando. Aquele pratinho ridículo de saladas já não tem mais graça, o pão integral vira seu pior inimigo e as frutas que vão para o inferno, o que você quer mesmo é uma bela macarronada ou pelo menos um xis salada.

Ao final de duas semanas você se rende (tal qual um guerreiro vencido e acuado), derrotado por suas próprias e famintas entranhas.

O primeiro sinal de derrota acontece quando lembra que já resistiu mais que no último início de ano, e se deixa vencer pela tentação, passando para o próximo ano o compromisso de renovar a promessa e recomeçar a dieta.

Poucos são os que realmente conseguem cumprir o que dizem. A grande maioria não lembra que o ato de prometer é apenas a primeira etapa de uma série de sacrifícios que terão de enfrentar, para realmente conseguirem vencer o desafio proposto. As pessoas esquecem que se fosse realmente fácil obter o que querem, não seria preciso prometer nada.

A promessa é apenas o bilhete da passagem, pedido e não pago, que se perde no caminho, onde a viagem acaba muitas vezes sendo um círculo no qual andamos pisando em nossos próprios erros, sempre estando à sombra de nós mesmos.

Outras promessas que mais soam como mentiras, são as de amor, onde até os planetas e o infinito são entregues (de forma imaginária) como provas desse sentimento.

O enamorado oferece a sua amada a lua, o sol e as estrelas. O noivo segue nos caminhos da paixão entregando seu coração junto com um par de alianças. O recém-casado (durante a lua-de-mel) já mais realista oferece a fidelidade e algumas juras de felicidade, e o marido... Bem... O marido passa o resto da vida desmentindo tudo.


Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc.blogspot.com) é escritor.

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