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SEÇÃO
Crônicas
18/12/2011 - 13h08
Passageiro
Leonardo Barbosa
 

Noite de calor, eu quieto na minha, observava. Tudo passava de forma muito breve e bem diante dos meus olhos. Ouvi o canto de um rapaz, achei estranho, poucas foram as vezes que vivenciei tal situação.

Eu vi uma moça. Parecia-me que esta era uma espécie de guardiã da passagem. Pessoas buscavam destinos e só alcançavam mediante a aprovação da moça. Vi pessoas chegando e partindo. Algumas delas ousavam olhar-me nos olhos. Comecei a suar.

Houve uma mulher que hesitou e não passou diante da moça. Olharam-se. Falaram-se. Uma conversa surgiu. Apesar de não desejar, ouvi o que elas diziam. No início, mesmo ouvindo não conseguia entender, falavam de uma forma um tanto peculiar. Abafado.

Como se tivesse vida própria, meu ouvido captou as vozes e meu cérebro as codificou. A roupa úmida de suor. A moça falava sobre festas. Festas que pareciam não ter fim. Ilustravam dias de pura diversão e loucuras. A mulher escutava apenas. A moça esbravejava feitos e atos dignos de impressionar um qualquer. Dizia mais ou menos assim:

- Vixe. Desde sexta to acordada. Tava na minha casa, tinha acabado de tomar banho, daí umas amiga me ligou e falou “vamo pruma festa?”, eu digo “demorô!”. Fiquei lá até umas sete da manhã, cheguei em casa, dexei meu filho com o pai dele, daí uma amiga já me chamou pra ir pra casa dela, eu digo “demorô!”, tomamo umas brejinha, quando foi à tarde voltei pra casa, joguei uma água no corpo, daí um amigo me ligou me chamando pra sair eu digo “pra onde?” ele “prum som que vai ter lá no lava-rápido” eu digo “demorô!”, depois só dei uma descansada, busquei meu filho com o pai dele, outras amigas já me chamaram pra fazer uma baguncinha na casa delas eu digo “demorô!”...

O cara do banco da frente cantando em voz alta, a cobradora aos berros falando de suas noites de farra e eu, passageiro daquele ônibus, amargava, naquele calor do trânsito de São Paulo, o dia em que esqueci meu mp4.

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