O Brasil acaba 2011 com o PIB (Produto Interno Bruto) maior do que o da Inglaterra e, com isso, fecha o ano na condição de sexta economia do mundo, segundo levantamento do Centro para a Pesquisa Econômica e Negócios, sediado em Londres. As previsões indicam que, até 2015, seremos a quinta economia mundial, passando também à frente da França. Isso é bom, pois demonstra crescimento. Mas os enganadores de plantão não podem, nem de longe, levar a crer que nossa vida é melhor ou está para ser melhor do que a do povo inglês ou francês, pois no Brasil somos 192 milhões, enquanto a Inglaterra tem 62 milhões e a Franca 65 milhões de habitantes. Logo, cada fatia do “bolo” deles é maior que a do nosso, permitindo que lá, em contrapartida, hajam melhores salários e serviços públicos que efetivamente funcionam. A nossa jovem nação, eminentemente agrícola até poucas décadas atrás, é uma das grandes promessas do mundo. Sua industrialização e desenvolvimento científico são significativos e derivam muito mais do esforço da iniciativa privada do que de políticas públicas que, por falta de continuidade e comprometimento dos governantes, acabam se perdendo. O único setor que, apesar das instabilidades nacionais, seguiu seu próprio curso, foi o petrolífero. Considere-se, mesmo assim, que o petróleo é um recurso natural, que basta ser processado e distribuído, sem maiores complicações. Mas o mesmo não se repete com o etanol e a eletricidade, que enfrentam gargalos e a ação predatória de grupos que os governos não conseguem enfrentar e nem regular adequadamente. Esses dois segmentos, se não tiverem os problemas solucionados com certa urgência, poderão prejudicar o desenvolvimento global do país, pois são produtores de insumos básicos. Mas, o maior entrave desse país - sexta economia mundial - é a divida social para com o povo. Apesar dos esforços e da propaganda que os últimos governos têm desenvolvido para a inclusão dos paupérrimos, muito ainda há que se fazer. A judiada classe média, os aposentados e a população como um todo carecem de melhor Educação, Saúde e Segurança Pública etc. A infra-estrutura precisa, urgentemente, receber ampliações no transporte de massa das grandes cidades, destinação correta do lixo e dos esgotos sanitários, abastecimento de água potável e controle das enchentes e alagamentos urbanos. Pouco ou nada significa ao cidadão a boa posição do país na pauta econômica mundial, se ele não consegue se locomover, vive ameaçado pela criminalidade, não tem saúde ou um lugar seguro para morar. Embora seja positivo o número apurado do PIB, isso não é motivo para comemoração. O povo brasileiro só terá razões para festejar no dia em que essa montanha de dinheiro estiver garantindo uma vida melhor para todos. No atual quadro de distribuição da renda nacional, tudo não passa de números para inglês ver. E o povo só pode lamentar... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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