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SEÇÃO
Crônicas
29/12/2011 - 15h01
Só de olhar
Priscila Alves (Alileska)
 

Seu nome é Jorge, descobri isso há um mês mais ou menos, mas vou começar do começo, no dia em que o vi pela primeira vez, isso uns dois anos atrás no mesmo lugar onde desde então o vejo praticamente toda semana.

No começo eu simplesmente via um homem lindo que fazia questão de passar por mim diversas vezes enquanto meus olhos o acompanhavam, até o dia em que ele percebeu a minha existência, ele tentou uma aproximação, mas percebi nesse dia que ele estava bêbado demais para saber o que ele tinha a me dizer, apenas lhe ignorei.

Seguidas vezes o vi bêbado e ficava muito triste apesar de nem mesmo saber o porquê, ele continuava lindo e eu mal sabia qual seu nome, sua idade, o que fazia da sua vida, das suas crenças, e de fato eu nunca quis saber, nunca quis entender aquele sentimento que sentia, apenas uma vontade de olhá-lo e ser vista.

Um dia indo para o trabalho vi aquele rapaz vestido como tantos outros que se misturavam ao varrer as ruas do meu bairro, olhei fixamente e percebi que eu não estava enganada, era ele, um gari, não quis me olhar, e diversas vezes o vi desviando o olhar como se de alguma forma quisesse esconder quem ele realmente é, não tinha o que esconder, não precisava pelo menos não de mim.

Outros dias eu o vi também varrendo as ruas como se quisesse a todo custo fugir de mim, e eu simplesmente olhei, diria se acreditasse que temos algo de vidas passadas em nós, talvez tenhamos. Hoje ele não bebe mais.

Às vezes aos sábados e aos domingos na feira, trocamos um tímido bom dia e fugimos nosso olhar, quando ele some na multidão fico a todo custo buscando encontrá-lo até que ele aparece novamente, isso se repete inúmeras vezes, se o chão falasse diria que está cansado dos pés do Jorge que insiste em passar pelo mesmo caminho umas 40 vezes só para passar perto de mim.

Então eu abro um meio sorriso e volto para casa satisfeita... Não sonho com ele, não sou apaixonada por ele, não acho que o que sinta por ele seja algo carnal, não é isso. Eu não sei explicar, só gosto de vê-lo fazendo caras e bocas para esconder que não quer me ver, já me vendo.

Não sei se ele é casado, se tem mulher, se tem filhos, e de fato não me interessa saber, mas quero seguir por mais uns aninhos, não sei até que dia o verei, se será na próxima esquina, ou na próxima semana, ou daqui um ano. Não sei...

Só sei que me sinto bem quando o vejo...

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