Rufus, o cavalo de Valfredo vinha quase que cambaleando pela estradinha que trazia até a cidade. Desmaiado de sono e jogado em cima dele vinha seu dono e companheiro de tantas aventuras. Esse ano os dois passaram por muitos apuros juntos. Muitas batalhas, muitas justas, mataram muitos inimigos, muitos bruxos, muitos cavaleiros negros e praticamente um dragão por dia. O dia estava raiando quando Rufus ganhou a praça central da cidade e se encaminhou para a casa de Valfredo. Eles estavam exaustos. Acabaram de salvar a princesa de West City das mãos do Rei da Laubânia. O rei a havia capturado e a fazia refém em seu castelo. Valfredo teve que agir como um agente secreto e se infiltrar entre os cavaleiros da Laubânia para poder chegar até o castelo sem ser notado e assim poder salvar a princesa. O problema é que na hora da fuga eles foram notados e Valfredo teve que enfrentar os soldados da guarda real. Foi uma batalha épica para Valfredo porque a guarda real da Laubânia era conhecida por ter grandes espadachins, mas felizmente pra Valfredo eles não tinham sua experiência na arte de guerrear e um a um foram caindo enquanto Rufus já se posicionava na porta do castelo para assim os três saírem em uma fuga desenfreada. Quando chegaram com a princesa de West City às portas de seu principado eles foram surpreendidos em uma emboscada e acabaram descobrindo que foi a própria irmã da princesa que querendo ser a única herdeira do reino a havia traído e entregado ao Rei da Laubânia. Valfredo desceu de Rufus pra enfrentar os cavaleiros e falou pra seu companheiro: - Rufus! Corra com a princesa e a salve! Leve-a para o castelo de seu pai. Rufus saiu correndo com a princesa enquanto Valfredo ficou ali enfrentando com fúria todos os cavaleiros que fizeram a emboscada. O aço das espadas soltavam fagulhas a cada pancada que davam entre si. Depois de muitos minutos de luta Valfredo não aguentou e caiu no chão. Quatro cavaleiros que ainda sobravam de pé cercaram Valfredo e quando iriam desferir o golpe de misericórdia ouviram o som de uma trombeta e de uma cavalaria que chegava. Todos correram deixando Valfredo com vida. À frente da cavalaria vinha Rufus guiando a guarda de West City. Os cavaleiros chegaram e saudaram a Valfredo dando-lhe os cumprimentos reais. Já era tarde e Valfredo morto de canseira não quis ir até o castelo e se despediu ali mesmo da princesa, dos guardas e voltou assim pra casa. Valfredo e Rufus enfrentaram coisas que nunca imaginaram nesse ano. Mas como tudo o que se semeia com carinho acaba dando bons frutos, chegando ao final desse ano mesmo que esgotado e esfarrapado Valfredo sabia que valera a pena. Valfredo chegou em casa, desceu de Rufus, desarreou seu amigo e deu-lhe água, milho e soltou-lhe no pasto para descansar. Então a esposa de Valfredo veio lhe ver, deu-lhe um beijo de boas-vindas e os dois entraram em casa. - Val - falou a esposa - o mensageiro do rei deixou essa carta pra você! Valfredo abriu a carta e viu que nela havia as seguintes instruções: "Cavaleiro Valfredo, se apresente no castelo de Browistone às sete horas da manhã do dia 3 de janeiro. Você tem alguns serviços agendados para o mês de janeiro. Entre eles deve matar um dragão que está assustando o povo do vilarejo de Soya, depois tem que caçar o cavaleiro negro que tomou o castelo da Sardênia, em seguida se juntar a tropa de cavaleiros da meia cruzada para expulsar os bárbaros das terras baixas da Holanda e por fim caçar a bruxa da floresta negra que está amedrontando os caçadores de raposa." Valfredo olhou para o céu e com os olhos brilhando pensou: “Puxa vida... Como é bom ter saúde e disposição e poder começar o ano com tanta coisa pra fazer! Assim me sinto cada dia mais vivo e útil! Triste deve ser quem não tem vontade de se virar e viver só de sonhos... Parece que mais um ano feliz vem por aí!”
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