21/08/2025  15h05
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
02/01/2012 - 08h00
Minha vida é...
Stéphanie Garcia Pires
 

Minha vida, desde o início, é saudade. Porque quase nada das minhas primeiras etapas durou. Um a um, mudei de colégio, casa, cachorro, cidade. Fiquei, então, rodeada de elementos desconhecidos, aterrorizantes - sendo eu, no entanto, o destaque entre os estranhos, a forasteira que todos encaram com olhos desconfiados.

Minha vida é espera. Riscando as semanas no calendário, sonhando com o futuro em que eu poderia voltar, revisitar meus lugares preferidos, tão familiares, e sentir na pele o conforto de fazer parte de um grupo, resgatar as felicidades que minhas memórias sempre me narravam.

Minha vida é distanciamento. Porque essa saudade constante dói tanto. E minha principal defesa, senão a única solução para meus dilemas, é fechar as portas do passado e ir para bem longe - até em pensamento - das minhas mais sorridentes experiências. Começos, afinal, exigem a aceitação dos fins anteriores.

Minha vida é, enfim, reestruturação. Coração aberto para diferentes amigos, cachorro, bairro, os novos capítulos. Descubro nesta fase que o mundo é um extenso leque de possibilidades de se ser feliz, basta que eu não fique presa à missão de substituir as perdas com cenários semelhantes.

Mas minha vida logo volta a ser saudade. As coisas, mesmo as que amamos muito, não costumam permanecer para sempre. E o kosmos definitivamente não respeita meus planos. Gosta de impor seus caprichos sobre mim com a mesma insensibilidade de um rico mimado...

Sacode mais uma vez minha rotina. Tira emprego, família, casa, meus portos seguros. E me força a viver dias de ânsia, encarando o relógio avançar para o futuro. Até que a espera em si representa o que me mata pouco a pouco e eu me obrigo a começar do zero de novo... de novo... Até quando?

Quanta saudade é possível carregar no peito sem amargar meus outros sentimentos? Quantas perdas alguém consegue suportar antes que todo o calor de dentro vire gelo? Quantos novos amores dá para o coração cultivar mesmo sabendo que tudo se vai, tudo é efêmero? Quantos novos capítulos posso escrever na minha vida sem ser travada pelos “e se” de cada realidade que fui forçada a deixar para trás?

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.