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Opinião
05/01/2012 - 15h10
As relações líquidas da modernidade
Leandro Ortunes
 

Frequentemente nos deparamos com certas situações antagônicas na modernidade ou na pós-modernidade como alguns preferem dizer. Um exemplo clássico é nossa forma de comunicação atual. Ao mesmo tempo em que estamos conectados em um mundo virtual com muitas pessoas, por muitas vezes também estamos perdidos em um vazio, isso mesmo possuindo toda facilidade em trocar mensagens eletrônicas através das redes sociais ou por celulares. Evidentemente, não podemos generalizar esta situação, muito menos criticar estes novos atores que compõe nossos dias. De fato, as novas tecnologias nos ajudam e facilitam nossa comunicação, mas sutilmente elas impactaram muito no nosso modo de agir e pensar, principalmente na construção de novos relacionamentos. As redes sociais estão presentes na vida das pessoas e se tornaram pilares das relações humanas, sendo elas agentes de encontro e desencontros.

Vivemos também na era do fast food, queremos a mesma rapidez para adquirir conhecimento, para obter bons resultados profissionais e também queremos relacionamentos fast food. Relacionamentos que apenas satisfaçam o “Eu”, e que se formam e se acabam rapidamente. O sociólogo Zygmunt Bauman dedicou alguns trabalhos para estudar este fenômeno e cunhou um termo muito interessante: “A Modernidade Líquida”. Bauman foi além e também escreveu um livro sobre o “Amor Líquido”. Mas o que é essa tal liquidez que Bauman descreve? É exatamente a fragilidade e superficialidade em que as relações humanas estão construídas, desde um relacionamento amoroso ou até mesmo amizades formadas. Na era do Facebook é fácil conquistar novas amizades e depois abandoná-las, pois não precisamos mais aturar aqueles que não nos satisfazem. Isso era impraticável quando as relações eram estritamente presenciais. Tínhamos que lidar com as diferenças entre as pessoas, aprendíamos a conviver, e isso formava uma sociedade mais sólida, com relacionamentos mais concretos, mesmo em meio a grande divergência de ideias. Hoje excluímos a quem não queremos, temos muitos e ao mesmo tempo temos pouco. Bauman, em uma entrevista no Brasil, diz que esta facilidade em romper relações em um “clique” cria uma sociedade muito pragmática e com um futuro muito incerto. O grande problema ocorre quando este anseio pelo rápido e a liquidez dos relacionamentos acabam tornando a sociedade mais fria e injusta. Quando a frase “Antes amávamos as pessoas e usávamos as coisas, hoje amamos as coisas e usamos as pessoas” passa a fazer sentido. Esse é um problema que não deve existir na sociedade. O que podemos fazer para que isso não aconteça? Devemos utilizar esta tecnologia da modernidade para nos aprofundar nas relações humanas. Compreender as necessidades e anseios que a humanidade possui, lutar contra injustiças e problemas que assolam nosso meio. Devemos sempre lembrar que nas redes sociais um clique com outra pessoa, não é um simples clique da informática, mas é um clique carregado de emoções e sentimentos, os quais devem ser respeitados e compreendidos.

Os “tempos líquidos” e do “fast food” devem ser conciliados com nossa necessidade de estar fisicamente em conjunto, como eram nossas relações clânicas. Tempo em que tínhamos relacionamentos sólidos e que confortavam uns aos outros em tempos difíceis. Devemos sempre lembrar que a dialética é responsável pela construção de um novo conhecimento, por isso, será no diálogo sólido das diferentes classes e culturas que poderemos promover uma sociedade melhor e mais justa. Que as redes sociais nos aproximem do diálogo real, ultrapassando fronteiras para promover um “bem maior”, e não nos aprisione na tecnologia sobre qual ela funciona.


Nota do Editor: Leandro Ortunes é graduado em Comércio Exterior pelo UNIFIEO, especialista em Relações Internacionais (FAAP), especialista em Ciências da Religião (PUC-SP) e mestrando em Ciências Sociais (PUC-SP) e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do UNIFIEO Geceu. E-mail: leandroortunes@uol.com.br.

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