Quando andávamos pelas ruas lá em Buenos Aires, vimos um ônibus de turistas diferente, de dois andares, pintado de amarelo. Logo depois nos deparamos com outro, este azul e meio mambembe, parado num ponto e quisemos saber como eram os passeios. Um senhor explicou que podíamos escolher um dos trajetos ou o pacote de três. Ficamos com o pacote e nos aboletamos lá em cima, para ver melhor. E aí é que estava a graça, o ônibus não tinha capota! Logo que saímos, com o fone ao ouvido, fomos escutando as explicações sobre os lugares por onde passávamos, o que durou pouco, depois emudeceu. Mas o passeio seguiu e foi muito divertido porque todo mundo olhava para nós e as crianças nos davam adeuzinho. Eu respondia e elas gostavam. Senti-me igual a elas quando rodam em algazarra pela cidade naqueles ‘trenzinhos’ puxados por um trator. Nunca tinha passado pela minha cabeça vivenciar uma coisa dessas! Fomos para os lados da Boca e lá nos deixaram perto de umas lojas, dizendo que dentro de vinte minutos voltariam. Mas demoraram... Bem, apesar da demora e dos fones que não funcionaram, no dia seguinte voltamos (nosso ticket valia por 48 horas) para o trajeto que mais nos interessava: os bairros da Recoleta e de Palermo. Tudo ia às mil maravilhas, eu encantada com o passeio e novamente me divertindo com a situação, quando de repente puft, o motor do ônibus morreu. E não houve meio de pegar outra vez. Parou bem em frente à garagem de um prédio e de lá alguém queria sair com o carro... Juntou gente, mas felizmente ninguém se enervou. Enquanto esperávamos que viessem nos buscar, andamos pelas redondezas e até deu tempo para tomar tranquilamente um café na confeitaria da esquina. E foi lá que me lembrei de uma amiga francesa que ao procurar informações na Rodoviária de São Paulo dizia sem parar: yo no soy latino-americana, no soy latino-americana! Para sorte dos argentinos, meu marido e eu somos latino-americanos... assim como a maioria dos passageiros daquele tour. No entanto, desistimos da terceira parte do programa. Somente depois dessas peripécias é que descobrimos que o serviço dos ônibus amarelos são bem mais eficientes. De qualquer modo, eu me diverti bastante.
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