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Opinião
19/01/2012 - 07h06
O BBB, os costumes e a sociedade
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Depois de mais de uma década de discutível repercussão, o Big Brother Brasil virou caso de polícia. O negado estupro de vulnerável, que motivou a expulsão de um participante, causa a investigação e chama para a tardia avaliação dos órgãos reguladores dos meios de comunicação e do Ministério Público, quanto à veiculação de imagens e cenas inadequadas. Se for ver as edições anteriores do programa, certamente nelas restarão arranhados os costumes, a moral e os bons princípios, mas precisou ocorrer algo mais grave para chamar a atenção.

A grande guerra pela audiência e - evidentemente - pelos milhões recebidos dos patrocinadores, levaram o programa simplesmente a ousar. Comportamentos polêmicos passaram a fazer parte do dia-a-dia da casa sem que, pelo menos aparentemente, seus controladores se preocupassem em não escandalizar o telespectador e/ou internauta. Pelo contrário, certos costumes e transgressões ganharam destaque que pareciam fazer parte do objetivo do programa. A TV, concessão pública, em vez de retratar a realidade das pessoas, parecia buscar a vanguarda dessa realidade e, até, optar por potencializar questões polêmicas.

Enquanto buscou mostrar as dificuldades de adaptação, as questões inerentes ao confinamento prolongado e as figuras humanas que entravam no jogo, o BBB chegava a ser até um inocente entretenimento familiar e uma porta de entrada ao estrelato. Vide o caso de Grazy Massafera. Mas quando, deliberadamente, passou a potencializar a bebedeira, o sexo livre e outras questões ainda não bem digeridas pela sociedade, caiu na vala perigosa da difusão de acontecimentos insólitos e até insultuosos.

As luxuosas festas que a “casa” coloca no ar têm sido uma grande contradição à campanha anti-alcoolismo que o governo e a sociedade tentam empreender. O quadro de costumes inserido na relação entre os participantes massifica para toda a comunidade comportamentos restritos a grupos e particularmente mantidos em discrição pelos próprios praticantes. Qual a contribuição que um programa como este traz à cultura e ao avanço da sociedade? Não somos favoráveis à censura, mas o bom senso é indispensável.

No passado, o esteriótipo do galã de cinema e a publicidade induziram a sociedade mundial a fumar e a beber. Hoje se investe elevadas somas para corrigir o erro do passado. Será que futuramente não ocorrerá o mesmo em relação aos “valores” que os importados reality-shows como o BBB hoje exibem? É preciso pensar nisso.

A Rede Globo, em nota, assume a responsabilidade pelo programa, e nem poderia ser diferente. Mas, mesmo assim, os órgãos controladores têm o dever de se manter atentos e diligentes quanto à questão cultural e formativa do meio de comunicação. O Ministério Público, a Polícia e o Judiciário também não podem abrir mão de suas prerrogativas de evitar o crime e fazer cumprir as leis. Assim deve funcionar a sociedade organizada, mesmo que isso venha em prejuízo do lucro das grandes corporações...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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