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Medicina e Saúde
20/01/2012 - 18h12
Próteses de silicone
Márcia Wirth
 
Informação correta é necessária para combater rumores e boatos

Os pacientes que possuem próteses de silicone nas mamas serão rastreados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A entidade desenvolveu o Cadastro Nacional de Implantes Mamários, que receberá dados dos cinco mil cirurgiões plásticos associados da SBCP. O banco de dados terá informações sobre os cirurgiões, pacientes e números de série e lote e marca das próteses usadas. Será possível detectar o estado, a cidade, o médico que fez o implante, o motivo da cirurgia e, em caso, de troca, a razão para isso.

A criação do cadastro deve-se à polêmica em relação às próteses mamárias da marca Poly Implant Prothèse (PIP). Desde março de 2010, quando irregularidades na produção das próteses foram detectadas pela agência sanitária francesa, sucessivas denúncias e queixas foram registradas contra a empresa, no mundo todo, o que levou a companhia à falência.

No olho do furacão...

“E desde as primeiras notícias sobre a venda e o implante de próteses feitas com silicone industrial, um sentimento de insegurança tomou conta das pacientes. As pacientes se sentem no meio de um bombardeio, de uma enxurrada de notícias”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.

O grande interesse pelas mamoplastias de aumento tem a ver com a evolução das próteses de silicone, desde que surgiram na década de 60, e das técnicas cirúrgicas, nos últimos tempos. As grandes pesquisas sobre o assunto começaram na década de 70 com o intuito de tornar os resultados mais naturais. Mas os estudos decisivos aconteceram nos anos 80 e 90, quando o formato e a textura dos implantes foram aprimorados.

Nesta década, a tecnologia continuou evoluindo e o material da prótese, antes liso - o que poderia provocar irregularidades -, foi substituído por outro - rugoso, também de silicone. “O gel interno, que antes era líquido, se escapasse, podia se espalhar pelos órgãos e se misturar à corrente sanguínea, o que poderia causar infecções graves. Agora, a prótese é recheada de gel, que não se mistura à corrente sangüínea, num caso excepcional de vazamento”, explica o cirurgião plástico.

Segundo o médico, o emprego do silicone industrial pode causar reações inflamatórias e levar a problemas como a mastite. “Atualmente, é usado o gel de silicone coesivo no preenchimento dos implantes, o que garante a segurança em relação aos tecidos mamários. Esse gel coesivo é uma espécie de espuma e não um líquido, como eram os implantes, antigamente. Este tipo de substância utilizada nos implantes permite ao cirurgião saber de forma mais precisa como vai ficar a mama, depois da cirurgia plástica. Além disso, ao toque, essa coesividade permite um resultado estético muito melhor e mais próximo da mama natural”, explica o médico.

A evolução do silicone foi essencial para reduzir os casos de vazamento e de contratura capsular. E os números provam isso: no início, quando o material era líquido, a cada cem implantes realizados, um ficava duro. Mais tarde, quando ele se tornou gelatinoso, apenas uma prótese a cada mil colocadas endurecia. “Hoje, devido ao aprimoramento do material, a chance de encapsulamento é mínima, menor que 1%. Mas a paciente precisa ser alertada que qualquer prótese pode ser rejeitada pelo organismo”, destaca o diretor do Centro de Medicina Integrada.

Outro problema com as próteses da PIP seria a maior chance de ruptura deste material, o que levou às autoridades francesas a recomendarem que as 30 mil pacientes no país retirem suas próteses, após consultar os médicos em que confiam ou com quem fizeram os implantes.

De acordo com as autoridades francesas, os eventos adversos registrados com os implantes PIP acontecem duas vezes mais do que a média de outras próteses mamárias. “Normalmente, as complicações mais freqüentemente observadas em relação aos implantes de silicone são a contratura capsular, a reoperação e a remoção do implante. Os problemas podem abranger também a ruptura do implante, rugas, assimetria de mamas, cicatrizes, dor e infecção”, informa Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Descompromisso com a saúde

Ao todo, cerca de 300 mil implantes PIP foram vendidos no mundo. No Brasil, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão oficialmente responsável pelo registro do referido implante. A comercialização das próteses PIP foi suspensa em abril de 2010. Até aquela data o país importou 34.631 unidades, dos quais 24.534 foram comercializados, e 10.097 recolhidas pela Anvisa. Estima-se que 12.000 mulheres são portadoras deste produto em território nacional.

O empresário francês Jean-Claude Mas, fundador da empresa fabricante dos implantes mamários PIP, confessou à polícia, no ano passado, quando foi preso, que produziu um gel de silicone adulterado, derivado de uma fórmula própria, sem homologação do órgão certificador e alterou a composição das próteses porque pretendia diminuir os custos e “aumentar sensivelmente a rentabilidade da empresa.”

Reproduzido nos grandes jornais do planeta, o depoimento do empresário causa indignação em mulheres do mundo inteiro, inclusive no Brasil, que hoje enfrentam o drama de ter feito uma cirurgia com material potencialmente nocivo à sua saúde.

“Não estamos diante de um caso de erro médico típico. Estamos diante de um quadro grave de saúde, provocado pela ganância de um empresário, que lesou médicos e pacientes. Em regra, os pacientes que fazem implantes de silicone não escolhem a prótese que têm no corpo baseados em argumentos científicos. O paciente se vale da confiança que tem no seu médico para tomar esta decisão. E ao médico cabe informar ao paciente a marca, o lote e a série de cada prótese que será implantada. Para fazer esta escolha, o cirurgião se vale dos posicionamentos oficiais dos órgãos regulatórios, que neste caso, eram plenamente favoráveis ao uso do produto. Em meio a tanta confusão, milhares de médicos e paciente lesados precisam dialogar para encontrar as melhores saídas legais, priorizando a saúde das pacientes”, observa Ruben Penteado.

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