A intensificação da “Operação Cavalo de Aço”, anunciada pela Polícia Militar de São Paulo como meio de prevenção aos crimes cometidos com motocicletas, é uma medida pertinente e inadiável. A partir da constatação que o veículo, por conta de sua versatilidade, tem sido cada vez mais empregado em assaltos e outros atos criminosos, a polícia encarregada da ação preventiva e ostensiva, diante da gravidade do momento, volta sua atenção aos seus usuários. Quem o utiliza como condução ou ferramenta de trabalho pode sofrer o desconforto da abordagem mas, sem dúvida, esse incômodo que resultará em segurança é menor do que conviver com os criminosos que, além dos distúrbios, ainda pode levar-lhes o veículo. Com essa medida, a corporação resolverá o problema que justificou a aprovação, pela Assembléia Legislativa, do insensato projeto que proibia o transporte do garupa. Fazendo a fiscalização dos motoqueiros, ainda que por amostragem, aumentará as possibilidades de prisão daqueles que o estiverem utilizando para fins criminosos. Conseguido isso, a motocicleta ressurgirá como solução e não fonte criminosa. A imensa maioria de cidadãos de bem que a utilizam deixará de ser vista pela comunidade como potenciais criminosos ou desordeiros. Nesse particular é conveniente que, além das verificações da PM, os outros órgãos encarregados do trânsito promovam atividades em busca da convivência pacífica de motoristas e motoqueiros que, queiram ou não, são obrigados a conviver no mesmo espaço. O uso da motocicleta para o cometimento de crimes não é exclusivo dos grandes centros. Nas pequenas e médias cidades o veículo também é utilizado para assaltos. Tanto que dezenas de localidades interioranas já criaram leis que obrigam o motoqueiro a tirar o capacete assim que chega à bomba de combustível e, principalmente, quando pretende entrar na loja de conveniência, padarias, lanchonetes e outros estabelecimentos. Além do “Cavalo de Aço” e da restrição ao capacete, outras medidas precisam ser adotadas para garantir a pronta identificação do ocupante da motocicleta. Em Bogotá (Colômbia), onde as motos também eram largamente utilizadas pelos criminosos, desde 1997 os motoqueiros são obrigados a usar um colete e o capacete com o número de identificação do veículo. Isso reduziu em muito a criminalidade sobre duas rodas e hoje, se adotado no Brasil, poderá ter o mesmo efeito, principalmente levando-se em consideração que a polícia local possui meios eletrônicos de identificação e as cidades, cada dia mais, contam com modernas câmeras de segurança voltadas para as ruas. Ainda mais. Para que o trânsito realmente flua positivamente, é necessário o efetivo cumprimento das leis e o endurecimento do trato com motoristas, motoqueiros e até pedestres que insistirem em cometer infrações. O espaço das vias públicas não aumenta na mesma proporção que o número de veículos. Por isso, a cada dia que passa as relações entre os entes dessa grande aldeia precisam ser mais solidárias e colaborativas. Não pode haver mais lugar para aquelas bestas-feras que insistem em usar o veículo como instrumento de força e liberação de seus próprios recalques... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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