A primeira vez que fiz uma limpeza em meus e-mails, somavam-se em minha caixa de entrada mais de quinhentos, quase todos de autoajuda. Foi difícil, parecia que algo importante estava indo embora. No entanto, vi que não fizeram diferença, a menos que, por distração, tenha deixado fugir aquele que seria capaz de mudar os rumos de minha vida. Fato que não deixo de considerar porque gosto do acaso. No fundo, quase todas estas mensagens querem nos atingir como se fossem capazes de alterar rumos em nossa vida. Das cristãs, espíritas e pagãs às crônicas e poemas de origem duvidosa. Quando leio, faço com sinceridade mesmo sem chegar ao fim. Talvez até guarde alguma lição, mas já sei de algumas conclusões e também da minha cabeça dura. Faço exceção a algumas, mas, de todas, são as de meu pai que nunca deixo de ler. Chegam de vez em quando, numa frequência que só pode ser determinada por uma daquelas sintonias sobre a quais você também leu a explicação em algum e-mail. Chegam na hora certa e caem como um carinho real e efetivo. Checo as entradas e lá está o nome dele a se destacar daqueles que vejo sempre. Abro com curiosidade, por mais clichê que pareça o assunto, e lá está, de cara, o meu nome sem a companhia de outros. Uma mensagem exclusiva de pai para filha, com palavras escolhidas apenas com sinceridade. Agora mesmo reli os dois últimos. Um tinha o motivador título "Siga em Frente", lembrando que devemos continuar agindo de forma coerente com aquilo que pensamos mesmo que nos desabonem por isso. O outro falava em decisão. Decisões são difíceis, mas uma vez tomadas, tudo fica mais fácil. Confesso que dei uma choradinha embalada pelo fundo musical. Como estes, já recebi vários e, no entanto, desprezei. Mas os que realmente li, vieram de meu pai. Meu pai e seus sábios 85 anos.
|