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Opinião
09/02/2012 - 07h14
A crise político-policial da Bahia
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Depois do impasse e dos confrontos dos últimos dias, acabar com a greve de policiais passou a ser o menor problema do governo baiano e do próprio governo federal, que acabou metido politicamente na encrenca a partir da atrapalhada presença do ministro da Justiça em Salvador. Mais do que atender ou não as reivindicações salariais dos grevistas e às suas exigências de anistia aos líderes, o governador Jacques Wagner e seu staff têm nas mãos a difícil tarefa de convencer os policiais a, quando voltarem ao trabalho, não fazer uso da desestabilizante “operação padrão”.

Toda greve ou reivindicação mal resolvida leva os reivindicantes à apatia. Sem condições físicas, políticas e até logísticas para continuar parados, humilhados e frustrados, eles voltam ao trabalho mas cumprem estritamente o que está escrito no manual profissional. Em alguns casos isso é explícito - como no movimento dos controladores de vôo - e em outros é velado. Se o policial, por alguma razão, deixar de fazer o importantíssimo trabalho de abordagem, onde acaba prendendo suspeitos e apreendendo armas, drogas e outros ilícitos, a segurança pública baiana estará inteiramente comprometida, mesmo com toda a tropa “trabalhando”.

Mais importante do que correr para atender a ocorrência já acontecida, é a ação preventiva, que o policial faz intuitivamente, valendo-se de seu comprometimento, experiência e motivação. Preso, através dela, o criminoso é impedido de praticar roubos, seqüestros-relâmpago e outros delitos. Também reduz a presença de armas que o cidadão de bem pensa portar para a defesa própria mas, via-de-regra, servem apenas para serem roubadas pelos bandidos e, certas vezes, para matar o próprio dono. Não é exagero dizer que mais de 90% da eficácia da polícia e sua verdadeira finalidade de dar segurança à população estão nos bloqueios e principalmente nas abordagens de suspeitos, que chegam a ser um incômodo ao cidadão de bem, mas o protegem dos criminosos. Se isso, parar ou diminuir, resta apenas a ação repressiva posterior ao crime. É o mesmo que recolher os cacos depois de quebrado o jarro.

Por definição, somos contrários à greve de policiais. Mas há que se compreender que tudo tem um limite. O policial não pode fazer greve, mas o governo não pode se prevalecer disso submetendo-o a um salário vil e nem o tratando como se escravo fosse. Não é só na Bahia. A maioria dos Estados paga muito mal aos seus policiais. Alguns fazem greve e o povo é quem sofre. Se quiserem, realmente, resolver os problemas da classe, basta os governadores verificarem o que fazem o governo do Distrito Federal e a Polícia Rodoviária Federal para manter seus policiais longe de qualquer pensamento grevista. Para entender todo o impasse, basta ver o valor dos salários já achatados dos policiais brasilienses e compará-los com os pagos em todo o país.

Oxalá a Bahia volte ao seu ponto de equilíbrio e que os acontecimentos de lá não contaminem as outras unidades da federação onde os policiais também recebem maus salários e são obrigados a prestar bons serviços.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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