A pesquisa do CNT/Sensus, realizada para a revista Veja, sobre como o Brasil é visto no exterior, é uma importante contribuição, evidenciando a necessidade de uma estratégia mais eficaz de comunicação internacional. Afinal, se o mundo tem uma ideia distorcida do País, cabe a nós desenvolver esforços para reparar o problema. Por outro lado, a pesquisa permite inferir que muitos dos entrevistados, numa amostragem das populações de seus países, parecem desinformados sobre os rumos da economia mundial e também carecem de autocrítica. Afirmar que o brasileiro não trabalha, como fizeram os asiáticos e os europeus, é atestado de desconhecimento de que temos hoje a menor taxa de desemprego desde o início da série histórica. Obviamente, as empresas não estão pagando esse grande contingente de trabalhadores para financiar sua ociosidade. Em contraste com o Brasil, a Europa, por exemplo, enfrenta grave crise de desemprego, que estabelece tristes recordes em países como a Espanha, com 4,5 milhões de pessoas sem trabalho. O problema, além do drama pessoal e familiar, gera ainda mais pressão sobre o desequilíbrio fiscal, com os pagamentos dos benefícios do salário-desemprego, criando um círculo vicioso. Devemos torcer para a rápida recuperação da Europa, pois é preciso prevalecer um sentido de solidariedade mundial na construção do capitalismo democrático do Século XXI, numa sociedade globalizada em que todos ganhem. Contudo, é interessante que o mundo, como os americanos e africanos demonstram na pesquisa, reconheça os avanços do Brasil. Temos, sim, muitos problemas a serem solucionados, como a preservação da Amazônia, apontada pelos entrevistados, dos quais 40% defende sua internacionalização. Sem abrir mão de nossa soberania, é premente estancar o desmatamento. Também temos de melhorar a infraestrutura, combater a criminalidade, reduzir juros e impostos e distribuir melhor a renda, dando continuidade ao processo de ascensão socioeconômica de nosso povo. Daí a dizer que não trabalhamos há imensa distância, e tais desafios não significam que somos subdesenvolvidos, como acreditam 39% dos japoneses e 32% dos líbios. A pesquisa mostra, ainda, que a maioria das pessoas gosta do Brasil para passear, mas não para morar. Curiosamente, a emissão de vistos de trabalho para estrangeiros nunca foi tão elevada. Contradições à parte, há algo inexorável: na visão internacional, continuamos sendo o país do futebol. Pelé segue sendo o brasileiro mais conhecido e a grande maioria dos entrevistados acredita no absoluto sucesso da Copa do Mundo de 2014. O irônico é que perdemos as duas últimas e desde 2006 não ganhamos o mundial de clubes da FIFA. Em compensação, temos vencido as crises econômicas e os problemas graves da fome, da exclusão social, do desemprego, da falta de crescimento do PIB... Sem dúvida, precisamos adequar a imagem à realidade! Nota do Editor: Antoninho Marmo Trevisan é o presidente da Trevisan Escola de Negócios e membro do CDES-Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
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