Gente fina é outra coisa, diz o dito popular. Gente fina e artista, então! Pergunta o Julinho "Cá cá cá cá cá cadê? Cadê o alvará?"

Tento responder. Çuper com medo de kriptonita? Ora, sei lá eu. Mas arrisco, com o risco de irritar o Bacamarte, que ainda não me riscou de sua lista de distribuição de spam: "O alvará está com o galo, aquele empoleirado numa espécie invasora de seringueira que não é nativa nem da Mata Atlântica nem do Brasil. Ora, em terra de galo que canta de galo e manda proteger, por decreto, árvore da fauna exótica, tangará daqui não tem vez."

Bruzuntuba - digo, Ubatuba -, nos dias que correm, infelizmente é assim mesmo. Os de fora, "ambulantes" de ocasião, que não pagam os tributos municipais nem se incomodam em respeitar leis e regulamentos, não são incomodados. Na verdade, nem os daqui, na maior parte dos casos. Ocorre que, havendo interesse nanico, e falo da política nanica que é usual por estas antigas terras, então as coisas mudam de figura. Fato é que a fiscalização fiscalizou, movida, ao que tudo indica, pelo nanico interesse político, como é típico (a naniquice política) do Çuper. Trabalhou, fez o que dela se espera. Pena que seja por espasmos, regidos pelo ciclo das naniquices.

Falando em fiscalização e, especificamente, fiscalização da Vigilância Sanitária, passou hoje, aqui em frente de casa, no pé do morro do Funhanhado, uma camionete Chevrolet azul escuro, cabine dupla, meio (muito) velha como a minha, com placas de Minas Gerais. O motorista, vendedor de galinhas "limpinhas, prontas para a sua mesa", confidenciou que, para chegar aqui, são três dias de estrada. Galinhas com odor muito perceptível de cadaverina, treco com o qual já tive problemas. Quem sentiu esse fedor uma vez nunca mais esquece. Se o caso fosse de alguém fumando cigarro de tabaco no boteco, a coisa seria diferente: lá estaria o vigilante fiscal sanitário bradando ameaças de multa contra o infeliz proprietário do estabelecimento. Outros fumos, parece, estão liberados.

Agora correndo outro risco de causar irritações, registro que, no entanto, não deixa de, parcialmente, ter razão a Fabíola, que é direita, de direita e viu direitinho o que aconteceu. Num primeiro momento, não era só o alvará da Prefeitura que faltava. Não deixa também de ter razão o próprio já folclórico Bacamarte, ao mencionar a daninha cultura do laranjal.

Coisas de casa de mãe-joana. No entanto, aqui parecer, agora, na atual administração, ser casa de mãe-joana, não justifica quem quer que seja agir como se realmente fosse casa de mãe-joana. Caraguá, Ubatuba, Ilhabela, São Sebastião - os CUIS - nem sempre foram esse desmazelo. De certa forma, Ubatuba hoje é, como exceção, casa de mãe-joana. Na verdade, nossos vizinhos ao Sul procuram superar suas mazelas e encaram com mais seriedade seu passivo de bobagens. Nós é que ainda não tomamos tento.

Uma questão tem sempre vários lados. E várias são as condutas possíveis, algumas adequadas, outras nem tanto. A reflexão necessária da Ubatuba cuja ave-símbolo é o tangará é sobre condutas. Não fosse eu ateu convicto citaria, como impropriamente é citado em vasta confusão entre convicções pessoais e exigências do Estado laico, um certo livro: argueiro no olho dos outros é refresco. Vejo por mim. De vez em quando escrevo besteiras e provam-me isso. É um exercício diário de humildade reconhecer a pimenta que arde em nossos próprios CUIS.