Verão. Calor intenso. O sol arde, queima impiedosamente a terra seca e as ruas empoeiradas do pequenino povoado. Bem ali, do alpendre, vejo seu Dito, pobre homem que foi abandonado pelo destino. Sofre suas imensas dificuldades. Bob é seu cão. Um vira-lata peludo, que quase não late e é sua única companhia. Todos os dias, com o carrinho em mãos e seu cão, caminha pelas ruas empoeiradas do povoado. No lixo, busca sobras de alimento. Quem observa a cena pitoresca, vê que os dois mais se parecem com Dom Quixote e Sancho Pança de Cervantes. Depois de muito caminhar e não encontrar nada, uma senhora, dona de imenso coração e compaixão, dá-lhe um pouco de comida e um osso para Bob roer. Ali mesmo fez a única refeição do dia. "Ô comadre, Deus lhe pague", disse. Do embornal tirou uma foto. Era de sua família. A cólera os levou. Estava amarelada. Fez-se silêncio de repente. Ele tomou sua alma. Suas emoções denunciavam sua dor e sofrimento. Mudo. Seguiu em frente com seus pensamentos. Vagos e imprecisos. Vencido pela dor e cansaço da vida, não quer viver. O bravo de outrora deu lugar a um fraco, derrotado pelas agruras do sofrimento da vida. Por sua vez, Bob não perdeu a esperança. Sonha com dias melhores para si e seu dono. Sem a dor da fome.
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