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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
27/02/2012 - 08h36
Duña e as sacolinhas
 
 

Duña, o venerável e nunca suficientemente louvado profeta dos nossos tempos, mais uma vez interrompeu seus ofícios missionários para recomendações de ordem prática a seus fiéis, desta feita no que se refere ao imbróglio das sacolas de supermercado.

Sorridente e aparentando 23 anos a menos que os seus assumidos 118, o sapientíssimo oráculo derramou bênçãos por onde passava, entupindo de fluidos benfazejos desde a praça municipal até as proximidades da Sorveteria do Neco. Lá estacou, bateu três vezes com o cajado no chão e pediu à multidão que silenciasse e se mantivesse de joelhos enquanto falava.

O pronunciamento segue transcrito na íntegra, conforme colhido pelo Capitão Dorgival Orozimbo de Castro, militar da reserva e taquígrafo nas horas vagas:

Inicio minha homilia conclamando a humanidade sofredora a reconhecer que mais vale a mercadoria que se coloca dentro do que o saco que a acolhe, seja ele de que material for.

Limita-se a discussão às sacolas que deixarão de ser produzidas doravante, mas ninguém menciona o extraordinário potencial de dinheiro que as sacolinhas já utilizadas renderiam aos meus fiéis de espírito empreendedor.

Aparentemente, nenhum pobre mortal pensou que elas podem ser recolhidas do lixão, esterilizadas e revendidas ao consumidor final a nove centavos e meio a unidade, valor 50% menor que o cobrado pelos supermercados (dezenove centavos).

Lembro aos meus piedosos discípulos que esta não deixa de ser uma forma - ainda que arcaica - de reciclagem. E mais: tendo-se em conta que as sacolinhas levam no mínimo 100 anos para se decompor, o processo de coleta pode se repetir milhares de vezes - isso se as sacolas resistirem sem furos entre uma ida e outra para o lixão, o que me parece improvável.

Deixo ainda uma instrução para aqueles que desejam continuar servindo-se de sacolas plásticas em qualquer estabelecimento sem ter que pagar um tostão por isso. Ao fazer suas compras, passe pelo setor de hortifruti e compre pelo menos um cacho de bananas, talvez meia dúzia de laranjas, quem sabe uma baciada da xepa ou algo ainda mais baratinho. Antes de colocar as frutas e/ou legumes dentro do saco transparente, de qualidade infinitamente superior às citadas sacolinhas e disponibilizado à vontade em rolos de diversos tamanhos pelo setor, coloque uns 30, 40 ou mais sacos no fundo daquele em que for acondicionar os vegetais. Pronto. Na hora de pagar, passe primeiro pelo caixa o saquinho premiado e depois embale tranquilamente sua bem fornida compra de mês nos saquinhos extras legalmente surrupiados.

Concluindo, alerto aos meus seguidores: cuidado ao circular com sacolinhas de supermercado por vias públicas neste momento, onde elas são assunto de acaloradas discussões nas assembleias legislativas e no Congresso. Ontem mesmo, após o culto das 17h22, alguns dos membros da nossa congregação reuniram-se nas escadarias do templo para, inocentemente, aspirarem sua colinha de sapateiro e relaxarem um pouco da faina diária. Pilhados em flagrante pela polícia, que de longe avistou no saquinho de aspiração a marca PAG-PAG, a turminha duñesca foi indiciada em inquérito, sendo a sacolinha imediatamente apreendida, fotografada e encaminhada a laudo pericial. Já a cola de sapateiro, após raspada da sacola pelo Cabo Janjão, foi devolvida num pote de danone ao grupo. Vejam vocês, misericordiosos irmãos!”.

Ditas as palavras finais, o secular iluminado foi aplaudido pela multidão, que o levou nos ombros até a cabana onde vive e pratica a meditação, a penitência e a autoflagelação desde 1942.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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