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Crônicas
29/02/2012 - 09h06
Camarão é a mãe!
Juscelino Nery Ferreira
 

Lendo as crônicas do Carlos Heitor Cony, achei uma com o título “Camarão!”.

Segundo ele conta, era o apelido dado a um sujeito pela turma da redondeza onde o cara sempre ia ao banco buscar a merreca da aposentadoria. O sujeito ficava nervosíssimo. Aí que a turma pegava no pé dele mesmo - como sempre ocorre, aliás.

Lembrei de histórias parecidas de minha infância e adolescência. Naquela época, qualquer sujeito branquelo, meio avermelhado, que pintasse na área, no bairro, na escola, logo era chamado, gentilmente, de “camarão”.

Havia outros apelidos também como “catatau” - eu mesmo, “ceguito”, o José Carlos, um sujeito que usava óculos parecido com o fundo de garrafa; o “Terry”, o outro José Carlos (Rocha), nem sei de onde tiraram esse apelido pra ele, mas ele era o narrador esportivo da turma. Hoje em dia pôr apelido é considerado bullying!

Mas voltando ao camarão, um dos caras com esse apelido era o Hildergildo, Hildergil ou Hermenegildo, era algo assim, só sei que o nome do sujeito começava com “H”. Tinha lá seus 13, 14 anos, andava sempre acompanhado da irmã, um pouco mais nova que ele, e era quem segurava as ondas dele, suportava suas lambanças e não as contava ao pai.

Hildergildo (ou Hermenegildo) morria de medo do pai, considerado carrasco. Vez por outra, o pai dele aparecia no colégio para conversar com os professores, para saber como estava o comportamento do filho. Era comum os pais fazerem isso naquela época. Os meus também faziam.

Eu também tinha medo dos velhos lá de casa, sabia que a cuíca podia roncar no lombo (expressão usada na época, para castigo, surra ou algo parecido), se fizesse traquinagem.

Naquela época, não tinha esse negócio de psicologia aturadora de rebeldia de moleque e outras coisas parecidas que andam por aí hoje em dia. Havia os exageros, claro. Mas ninguém morreu por isso ou ficou traumatizado.

Lembro de ter estudado um ano na turma do Hildergildo, só não lembro qual, acho que a 8ª série, já na repetição (já contei antes minha frustração com a Matemática).

Ele não gostava de estudar, nem de jogar futebol, e se preguiça doesse ele viveria gritando. Gostava mesmo era de olhar revistas de mulher pelada, pornográficas, gibis e outras coisas de gênero. Quem nessa idade não gosta disso, se a testosterona grita alto?

Então, sempre que o Hildergildo (ou Hermenegildo) pintava no pedaço, a turma do colégio, da redondeza, do bairro, logo bradava, propositadamente para provocar o sujeito: “Fala camarão!”.

“Camarão é a mãe”, respondia ele, furioso. E a turma caía na gargalhada.

Enfim, mais um "camarão" na história dos apelidos por esse Brasil afora.

Nunca mais vi ou ouvi falar sobre o tal do Hildergildo, sabe Deus por onde anda o sujeito.

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