“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis” (Bertold Brecht). O prédio onde moro é próximo a um ponto de coletivos municipais. Para entrar no hall do edifício, tenho que obrigatoriamente passar por esse local, que na maioria das vezes, está abarrotado de pessoas, todos na espera do veículo que irá levá-las ao seu destino. Indivíduos calados, aparentemente tristes e cansados. Forma-se um aglomerado de pessoas no local, diferentemente de outras localidades, na minha terra não se criou o hábito de organizar filas para esse fim. Indivíduos de baixo nível sócio-econômico, geralmente trabalhadores do comércio e empregadas domésticas. Olhares tristes e ansiosos aguardam pacientemente o ônibus que os levará até suas moradias, todos em busca do descanso da labuta diária. Nos momentos que antecedem o embarque, muitos aproveitam a oportunidade para consultar o celular. Os diálogos são raros, salvo quando aparece um casal de namorados, ou grupo de alunos. Contudo, os pensamentos, por certo, fervilham, contendo sonhos e esperança de dias melhores. Talvez um carro, casa própria, emprego melhor, ou talvez o amor de sua vida. Outro dia, tive dificuldades para fechar o portão da garagem, onde coloco meu carro. Bastou pedir ajuda no ponto de ônibus, logo apareceram duas pessoas querendo ajudar, um velho e um rapaz. Assim, em pouco tempo consegui resolver o problema do cadeado emperrado. Creio que as pessoas, de modo geral, como aquelas ali, são de boa índole. Os maus são poucos, mas aparecem mais, dando a falsa impressão que são a maioria. Para mim, o mundo caminha, mesmo que lentamente no sentido do verdadeiro progresso. Aos poucos, as coisas vão chegando aos seus devidos lugares. Portanto, não sou pessimista em relação ao destino da humanidade. As dificuldades associadas às drogas, violência, miséria, ecologia e outras mazelas da atualidade serão superadas. Talvez, para tanto, seja necessário uma grande catástrofe, com sacrifício de milhões de pessoas. Ou melhor, quem sabe: “a compreensão real de nosso papel nesse mundo venha naturalmente, lentamente sem nenhuma comoção e daí a consequente evolução”. Infelizmente, até hoje os “saltos” da humanidade foram à custa de muita dor e sofrimento. Haja vista, as grandes guerras mundiais, que trouxeram horror e destruição, mas também fizeram com que o Homem desenvolvesse mais. Esperamos que desta vez, ao contrário, verifique-se uma mudança para um patamar superior, sem maiores traumas. A expectativa é enorme pela chegada do coletivo que todos teremos que embarcar, sendo ricos ou pobres, cujo destino depende única e exclusivamente de nós...!
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