A saída de Ricardo Teixeira, independente de seus erros ou acertos, deve oxigenar o futebol brasileiro e desfazer turbulências em relação à Copa do Mundo. Qualquer inovação é melhor do que uma continuidade que já durava 23 anos. Da mesma forma, a mudança dos líderes do governo na Câmara e no Senado deve imprimir mais fluidez na relação entre Executivo e Legislativo. Os guindados aos postos foram anunciados nesta terça-feira pela presidente Dilma para substituir os líderes anteriores, herdados do governo Lula. Com mais de um ano de atividade, considerando-se a dinâmica das idéias e da sociedade, é saudável que a presidenta se desfaça da herança recebida de seu padrinho político e possa caminhar mais livremente. A demissão de 12 ministros, errantes ou não, também é indicativo da indispensável autonomia. É muito bom ver essas “oxigenações”. Indicam que o país, se atualizando, pode seguir livremente o seu curso histórico. A lei da Ficha Limpa, obtida pela mobilização do povo e em vias de aplicação graças à firmeza do Judiciário, é outro fator positivo, pois tende a varrer da cena política a grande maioria dos homens e mulheres que usaram o cargo eletivo ou de livre nomeação para cometer irregularidades e emporcalhar o prestígio da classe política. De sua aplicação deveremos herdar um Brasil melhor. Pode até ocorrer alguma injustiça, mas na escala o lucro político-social será imenso. Para buscar o sonhado grande destino nacional, o país não pode abrir mão de consertar a Educação, a Saúde, a Segurança Pública e outros serviços intimamente ligados ao bem-estar da população e de obrigação pública, já que se arrecada impostos para a sua prestação. Garantindo a sua efetiva execução, os governos evitarão que a população continue obrigada a pagar coisas como escolas particulares, planos de saúde e segurança privada. A isso poderá se dar o nome de distribuição de renda, pois os impostos arrecadados chegarão de volta ao cidadão na forma de serviços. Na medida em que aumentar a sua classificação de 84º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), medido pelos organismos internacionais, o Brasil estará automaticamente resolvendo muitos problemas que decorrem da pobreza, falta de instrução e outras carências hoje vividas pela população. Quando o cidadão tiver o que perder, ele próprio melhorará sua conduta social. Mas, enquanto viver na miséria, será presa fácil do crime. Temos hoje o mais longo período democrático da vida nacional. Mas, para consolidar essa democracia, carecemos da organização e paz social, ausentes em muitos pontos de nosso grande território. O governo que conseguir oferecer à população todos os serviços de sua responsabilidade, pelos quais já cobra impostos, terá recolocado o país de volta nos trilhos e passará para a história como aquele que evitou a convulsão social. É preciso aproveitar o momento natural de mudanças para implantar as reformas que a sociedade carece para manter-se sustentável... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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