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Opinião
15/03/2012 - 17h01
O preço da falta de foco
Marcelo Veras
 

Depois da abertura econômica brasileira, há cerca de 20 anos, empresas e profissionais tiveram que correr atrás da chamada competitividade global para tirar o atraso de décadas de acomodação que as fronteiras comerciais geraram nos empresários e executivos brasileiros (com raríssimas exceções). Durante estes anos todo mundo correu para salvar a sua pele. Muitos não conseguiram, porque os produtos globais chegaram arrebentando com tudo. Outros, não só conseguiram como também cresceram e ganharam o mundo.

No campo pessoal, as pessoas começaram a estudar mais e mais. Ter uma graduação passou a não ser mais um grande diferencial. A imposição de se globalizar profissionalmente fez (e faz) com que um número cada vez maior de pessoas estude outras línguas, faça cursos em áreas complementares e siga em busca de uma formação mais ampla. O crescimento econômico e as perspectivas para o Brasil deixam todo mundo com água na boca. Deixando-me escorregar na infâmia, posso inclusive afirmar que – “nunca antes na história desse país” – as oportunidades são tantas e em tantas áreas.

Isso tudo seria muito fofo e lindo se não houvesse um pequeno detalhe, ao qual poucas pessoas estão tão atentas quanto deveriam. O detalhe é que esta sensação de terreno fértil nos dá a falsa ideia de que qualquer coisa que se faça vai dar certo. E o pior de tudo, pessoas gananciosas ou com traços deste câncer querem aproveitar todas as oportunidades. Querem fazer tudo (ou muito) ao mesmo tempo. É como se um surfista quisesse pegar todas as ondas de uma só vez. Imagine a cena, que horror seria. Às vezes, isso também acontece com pessoas que nem são gananciosas, mas que por alguma razão não conseguiram colocar limites no uso dos seus recursos escassos (tempo, dinheiro e energia).

Isso tem me chamado muito a atenção recentemente. O número de ocasiões que tenho presenciado em que pessoas se esforçam para fazer muito e acabam não fazendo nada é gigante. Por outro lado, tenho visto cada vez mais casos de sucesso de pessoas e empresas que só se dedicam a uma “causa”. Todavia, para mim, o pior deles é o caso do “meio termo”. Isto é: gente que faz muitas coisas, mas, todas “medianas”, e mantém a esperança de que uma ou duas vão dar certo. E ficam nesse lengalenga eternamente, achando que uma hora algo vai dar certo. Não vai. Hoje, mais do que nunca, acredito que não vai. A razão é simples: o nível de competitividade deste século não permite mais amadorismo em nada. Quem praticar vários esportes ao mesmo tempo nunca vai chegar à final em nenhum deles. Aliás, o esporte é um excelente exemplo de que, mesmo tendo foco, é difícil alcançar grandes vitórias. Imagine sem.

Eu não tenho uma pesquisa formal, mas gozo de um privilégio (que aproveito cada minuto) de ter uma ampla e diversificada rede de contatos. Portanto bebo na fonte quase todo dia, ouvindo relatos de fracasso e sucesso em projetos das mais diversas áreas, desde relacionamentos pessoais até empreendimentos de negócio. E poderia dizer que não conheço hoje um caso sequer de sucesso que não tenha um pilar indispensável: foco.

Fazer poucas coisas, muito bem feitas. Atuar em uma área, buscando estar entre os melhores nela. Ter poucos amigos, e se dedicar a eles. Ter um dono para o coração, e se entregar 100%. Atuar em um segmento de negócio ou em um segmento de mercado, e se entregar mais do que todos os seus concorrentes. Enfim, não cair na armadilha da mediocridade, cujo preço é bem alto.

Pense no assunto. Será que é mesmo inteligente querer tudo?


Nota do Editor: Marcelo Veras e vice-presidente acadêmico da ESAMC. Associate Partner da AYR Consulting – Consultoria de Inovação. Sócio-diretor da PRIME Educacional – Franqueada ESAMC. Professor de Marketing, Estratégia e Planejamento de Carreira de MBA na ESAMC. Palestrante e consultor de empresas nas áreas de Gestão de Carreiras e Marketing.

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