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Opinião
18/03/2012 - 18h04
IPI, carroças e descaramento
Célio Pezza
 

De acordo com o dicionário Aurélio, descaramento quer dizer falta de vergonha, desaforo, insolência, atrevimento e outros adjetivos. O que isto tem a ver com o IPI? No final do ano passado, o governo brasileiro passou a cobrar uma alíquota de imposto maior em 30% para veículos importados e que tenham menos de 65% de componentes nacionais.

O Ministro da Fazenda Guido Mantega explicou que a decisão do governo teve o objetivo de privilegiar os trabalhadores brasileiros e que o cidadão é visto prioritariamente pelo governo como trabalhador e depois como consumidor. Quando questionado sobre os altos preços dos carros nacionais, sua péssima qualidade e que esta medida poderia representar uma reserva de mercado para a indústria automotiva brasileira, teve a brilhante resposta de que nos últimos anos os carros subiram menos do que a inflação. Também refutou a reserva, pois disse que as montadoras estrangeiras podem vir se instalar e produzir no Brasil. Bem, quem acompanha o mercado sabe que os preços praticados no Brasil são os mais altos do mundo e quanto à qualidade, já foram chamados de carroças até por um antigo presidente.

Um pouco depois, a presidenta Dilma defendeu o aumento do imposto seguindo o mesmo raciocínio da defesa dos empregos nacionais. Até aqui, tudo bem e vamos acreditar no discurso. O problema é que apenas alguns meses após, o Gabinete de Segurança da Presidência da República adquiriu uma frota de dez veículos blindados Ford Edge V6 a gasolina, num total de R$ 1,7 milhão, para uso da equipe presidencial em viagens e tarefas de rotina como escoltas, transporte de familiares etc.. Tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: todos os veículos são importados do Canadá. Nesta hora, algumas perguntas saltam à nossa vista: Como fica o discurso sobre a mão de obra brasileira? E o álcool como combustível nacional? Por que não compraram um moderno carro com motor Flex fabricado aqui no Brasil? Por que o governo faz um discurso e pratica outra realidade? Isso é descaramento.

Nesta hora, eu me lembrei das palavras de meu avô quando dizia em sua simplicidade que as carroças eram feitas para os burros. Hoje entendo melhor esta frase e quando olho para todos os lados, também me lembro de Tancredo Neves que falou um dia que “o processo ditatorial, o processo autoritário, traz consigo o germe da corrupção. O que existe de ruim é que ele começa desfigurando as instituições e acaba desfigurando o caráter do cidadão”.


Nota do Editor: Célio Pezza (www.celiopezza.com) é escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, e o seu mais recente A Palavra Perdida.

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