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Opinião
26/03/2012 - 06h08
Preconceito e diversidade
Vanessa Kern de Godoy
 

Vivemos numa sociedade historicamente constituída e marcada pela diversidade (diferenças e peculiaridades individuais), expressa através de raças, etnias, culturas, valores, crenças e modos de vida. Entretanto, mesmo vivendo numa sociedade multifacetada, em que o contato entre os diversos grupos é cada vez mais natural e os avanços tecnológicos, entre outros, têm permitido à humanidade integração cada vez maior entre pessoas e realidades distintas. Um dos problemas que ainda enfrentamos é o de aprender a conviver com outros indivíduos que consideramos diferentes.

Essa dificuldade se dá, entre outras, por ainda vivermos numa sociedade constituída como machista, lesbofóbica, homofóbica, transfóbica, racista e preconceituosa. Marcada pela exclusão e segregação social e diferença ainda ser subentendida como sinônimo de inferioridade. E neste contexto social, a negação e a inferiorização da diversidade humana se manifestam com preconceitos, discriminação e intolerância.

O preconceito pode ser entendido como julgamento preconcebido, pejorativamente, manifestado geralmente na forma de atitude discriminatória, a tudo aquilo que foge dos padrões de sociedade. O preconceito é opinião formada sem reflexão. Quando exteriorizado em atitudes ou ações que invadem os direitos humanos, com critérios injustos, como religião, raça e orientação sexual, é estabelecida a discriminação. Já a intolerância é expressa, muitas vezes, em comportamentos hostis e violentos.

Entretanto, nem sempre o preconceito, em todas as suas dimensões e implicações é expresso com gestos intolerantes, de fúria ou violência, mas numa ação velada. Com piadinha intransigente contada entre conhecidos, em ambiente amistoso, como se fosse gesto ocasional e sem consequências. Ou, ainda, disfarçado de falsa aceitação às diferenças. E neste caso, se bem disfarçado, tem até certa licença para existir. Porém, preconceitos inofensivos não existem e todas as formas de preconceitos machucam e deixam marcas.

É importante que se trabalhe no entendimento de que cada indivíduo é portador de inúmeras características que o diferencia dos demais e que esta condição não o torna inferior. É preciso que, desde cedo, a afirmação, tanto hipócrita, de que todos nós somos iguais seja repensada, mesmo porque se todos realmente fossem iguais não haveria o preconceito. É fundamental que as pessoas entendam que somos todos iguais por fazer parte da espécie humana, mas desiguais por possuirmos individualidade e identidade única. É direito garantido que as pessoas se sintam confortáveis e que sejam respeitadas em sua diversidade.

Sabemos que é utopia acreditar que preconceito, discriminação e intolerância serão extirpados da condição humana e da vida sociocultural. Ainda estamos longe de um mundo ideal, onde cada um pode viver a sua vida de acordo com seus princípios, sem ter de se esconder ou ser segregado. Porém, devemos refletir e procurar entender que tais comportamentos têm sua sustentação em bases afetivas e irracionais amparadas na ignorância, na desinformação, no falso moralismo e no conformismo. E se faz urgente a inversão de valores, buscando convertê-los na possibilidade construtiva de valorização das diferenças e, sobretudo, da vida.

A solução para uma amenidade deste contexto está estreitamente ligada à educação. Uma educação sem imposição de qualquer tipo de igualdade, sem imposição da força de lei, mas calcada na transparência, tolerância e altruísmo. Todos devem ser educados, desde o início, para que entendam que todas as pessoas são diferentes. Mas que esta realidade, essas diferenças e peculiaridades individuais, não podem e nem devem ser mudadas, mas respeitadas. Aquele que aprende a reconhecer o valor de alguém pelas batalhas que enfrenta, e não pelo que aparenta, jamais será preconceituoso.


Nota do Editor: Vanessa Kern de Godoy é psicóloga da ABC Aprendiz Centro Social de Educação e Trabalho.

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