Seu largo sorriso animava a todos e suavizava momentaneamente os grotescos e rudes modos de viver daquela gente. Seu meigo e penetrante olhar encorajava até as mais céticas e descrentes criaturas! Ele se tornara a esperança para centenas, quiçá, milhares de homens que sobreviviam naquelas distantes e ressequidas paragens, tão fustigadas pela natureza!... Ali não caía sequer uma gotícula de água em forma de chuva, há anos!... Era um caldeirão de miséria, de fome e de tantos outros flagelos, e, aquele homem não perdera a fé. Lutava heroicamente para manter viva a esperança, esta chama de amor que sedimentara em seu coração e que buscava sedimentar no coração de cada um de seus companheiros de infortúnio e de esperança! Vagavam naquele enigmático mundo, onde os mais simples e comuns dos objetos valiam mais do que uma vida! Era um horror de atrocidades e bestiais atos individuais e coletivos! Ali os homens ora agigantavam-se, ora humanizam-se, tornavam-se brutos e indefesos, antagônicas figuras, necessárias à sobrevivência!... Os fracos não resistiam!... Mas aquele homem era diferente: acreditava, sonhava... Comandava os seus sem agressões. Era justo, nunca cruel. O esquelético grupo vagava sem rumo em busca da vida. Eram livres e presos naquela imensidão de areia e de escassas condições de sobrevivência. A fé, uma tênue linha entre o ser racional e o irracional iluminava a mente daquele homem, que convicto de sua responsabilidade, buscava um norte para resgatar os seus, rumo à vida e, eis que ela apareceu, lá longe, depois da linha do horizonte...
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