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Opinião
26/04/2012 - 17h00
A lâmpada da internacionalização
Rakesh Vaidyanathan
 

O século XX, apesar de muito moderno, foi menos internacional do que os anteriores, quando havia mais migração entre países e grandes impérios foram criados em decorrência da internacionalização. Como exemplo, podemos citar a Grã Bretanha, que era uma pequena ilha no mar Atlântico e, em decorrência da globalização, passou a controlar o comércio entre Ásia e Europa.

Depois que as colônias tornaram-se independentes e o capitalismo se consolidou, talvez porque a escala ganhou cada vez mais importância na era industrial, a globalização ficou mais associada à grandes empresas. Mas hoje, em uma sociedade pós-industrial, com mudanças no contexto mundial e o baixo custo de comunicação, a internacionalização também pode ser voltada para as pequenas e médias empresas.

Apesar de o Brasil e suas empresas já terem iniciado o processo de olhar para ‘fora’, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Muitas companhias entendem a internacionalização como sendo um processo apenas de exportação, mas é muito mais do que isso. O brasileiro precisa enxergar que tem potencial para mais do que exportar, que tem condições para criar oportunidades diferentes das disponíveis no mercado interno. Uma empresa, por exemplo, pode ter acesso ao custo de capital mais barato tendo uma sucursal no exterior, ou companhias que estão bem internamente, mas ainda não se tornaram líderes, podem reverter a situação por meio do desempenho em outros países.

Em um processo de internacionalização, o que diferenciará uma empresa de outra é a estratégia, também importante no mercado doméstico, mas com uma ressalva. No Brasil, quem tem um negócio de sucesso, utiliza-se muito da intuição no desenvolvimento das estratégias, e isso funciona bem. Mas ao levar o negócio para outros países, é preciso também que haja um processo racional de análise para complementar a intuição. Isso porque as premissas implícitas são diferentes e manter a mesma tendência (business as usual) pode ser perigoso.

O primeiro passo do processo racional de estratégia visa o senso comum, perguntando por que e como internacionalizar. Respondidas as questões, o passo seguinte é escolher o produto, o mercado, desenvolver estágios de internacionalização e criar boas estratégias.

Em uma análise de mercado, é preciso identificar a demanda potencial e entender os concorrentes, além dos custos para o início dos negócios. O modo de entrada no novo mercado e a opção de ir sozinho ou fazer parcerias definem as estratégias: exportação, financiamento, alianças ou joint ventures. Tudo isso para que o novo não continue sendo desconhecido.

A questão cultural também é extremamente importante para conseguirmos identificar a aceitação do mercado alvo e, por isso, a formação de uma equipe multicultural e a exploração sustentável são diferenciais para que a experiência seja positiva.

No entanto, uma análise superficial de questões culturais aliada a predisposição de muitas empresas brasileiras de atuar de forma ‘intuitiva’ fazem com que elas assumam que ir para países ricos, como França e Canadá, tenha mais sentido porque são países ocidentais, ou para Moçambique e Angola, porque falam a mesma língua. Mas a cultura não se restringe apenas à histórias compartilhadas ou ao idioma. Quando falamos de questões culturais, temos que avaliar desde hábitos de consumo, etapa de crescimento econômico e até mesmo o clima.

Analisando assim, veremos que países do hemisfério Sul podem ter mais semelhanças do que se imagina. Para uma empresa brasileira, pode ser mais fácil fazer negócios com indianos do que com franceses, e esse entendimento pode oferecer muitas oportunidades.

Como exemplo, podemos citar uma empresa de cosméticos que busca expandir as suas atividades para o exterior. Ao invés de abrir uma nova unidade na França e concorrer com toda uma indústria altamente qualificada e desenvolvida, a empresa pode optar por levar os seus produtos para a Índia, onde a maioria das mulheres começa a comprar os primeiros batons.

A Índia é carente de produtos e marcas fortes em uma série de segmentos, como de bens de consumo. No entanto, a demanda também é grande em áreas como planejamento urbano. Assim, para o Brasil, que já passou por um nível de desenvolvimento mais aprofundado, desde urbanização e casas populares, as oportunidades existentes na Índia são imensas. Ao contrário do que acontece nos mercados europeu e americano, a expertise brasileira pode agregar e muito para o desenvolvimento do país, concedendo mais poder de barganha.

Um exemplo real é o da empresa brasileira Marcopolo, que alcançou o sucesso na Índia com sua capacidade de desenhar ônibus adequado para um país pobre.

Com tantas oportunidades, basta que o brasileiro comece a enxergar os mercados emergentes também como parceiros e não como concorrentes. Com uma boa ideia e uma boa estratégia, certamente, a internacionalização tem apenas a agregar na trajetória de crescimento da empresa e na construção de multinacionais brasileiras fortes e reconhecidas.


Nota do Editor: Rakesh Vaidyanathan, sócio diretor da The Jai Group, consultoria especializada em mercados emergentes.

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