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Opinião
10/05/2012 - 06h08
Pornografia política
Breno Rosostolato
 
O desejo em prol da corrupção

As notícias que nos chegam de Brasília são no mínimo excitantes. Vergonhosas, com certeza. Excitantes porque a pornografia praticada por nossos políticos fazem jus a um cine privê, em que o orgasmo é só deles. Nem mesmo a indústria do pornô poderia imaginar um enredo tão cheio de sodomia e perversões. Tudo temperado pela velha e ordinária corrupção e com um ingrediente espalhafatoso, o escárnio. Cenas explícitas de corrupção e vulgaridade fazem com que o puritanismo, que ainda poderia existir entre nossos líderes, fosse corrompido pelos bacanais políticos promovidos em Brasília.

Não estou me referindo aos episódios célebres de orgia, em que, por exemplo, a empresária Jeane Mary Corner foi apontada na CPI dos Correios como organizadora das festas que reuniam belas modelos e políticos nos hotéis de Brasília. Até porque os escândalos que envolvem políticos e sexo são antigos e acompanham este país, cuja “sacanagem” é vista como marca perpetuada na história.

Porém, que seja feita justiça: a própria “sacanagem” política não é privilégio nosso. Recordo aqui do famoso caso de Bill Clinton e Monica Lewinsky, protagonizando a “charutada”, e Sílvio Berlusconi, que promoveu grandes orgias com prostitutas, com todas as pompas de um Calígula. Esses casos de fato são explícitos e traduzem a banalização de políticos irresponsáveis, que a princípio foram eleitos para trabalhar pelo povo e tomar decisões importantes para o país. Acontece que quando o sexo funde-se à política, destitui o aspecto ético relacionado a cargos que são de extremo comprometimento e seriedade. Entretanto, nem só de política alimenta-se o parlamentar. A verdade é que, acima dela, está a politicagem, e tudo alicerçado pelo prazer.

Contudo, a pornografia é diferente de erótico, porque pressupõe uma exposição de corpos com o fim de concretizar o ato sexual. O erotismo fica por conta da intenção da excitação, a provocação da insinuação. A encenação faz com que a imaginação atribua significados e sensações. Na política, portanto, poderíamos fazer a seguinte leitura: a possibilidade de enriquecer a fantasia e o desejo são fortes apelos. A pornografia é a concretização análoga desse desejo. Logo, a imagem é incontestável e absurda. A representação clara da fornicação é demonstrada e estimulada pelos privilégios, aumento de salários na “calada da noite” e valores exorbitantes do auxílio “paletó”, abusos no gasto de dinheiro público, nepotismo e favoritismos a familiares e amigos, enriquecimento ilícito e informações capciosas que ligam políticos com bandidos. A impunidade reforça a “farra” e os perversos, que buscam satisfazer seu gozo a qualquer custo, recusando qualquer aspecto moral.

A ingenuidade e o puritanismo estão enfraquecidos por conta das mais recentes denúncias que envolvem o imaculado senador Demóstenes Torres, desligado do DEM. Corrompido pela pornografia política, foi associado a Carlinhos Cachoeira, que está preso sob acusação de exploração de jogos ilegais. O senador pode, ainda, sofrer uma cassação. Demóstenes, duro oposicionista, marcou sua trajetória política por defender a punição a colegas ligados a irregularidades e acusados de corrupção. A propósito, foi ele que denunciou Marcos Valério de Souza, na época do “mensalão”, que repassava recursos para promover os encontros entre políticos e prostitutas, episódio citado no início deste artigo. Contudo, o fato, explícito e cruel, não deixará de ser pornográfico ante a tentativa de seu abrandamento, como já articula o DEM, argumentando que o caso ficou restrito ao senador, cortado do partido, assim como ocorrera com o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. Tenta-se minimizar a gravidade da denúncia, atribuindo-se a ela um ar de vulgaridade, mas não há como disfarçar ou negar.

A politicagem escatológica exercida em Brasília é uma celebração de Dionísio! O cenário é de festas, abusos e insânia e intoxica a sociedade, que reflete os péssimos exemplos e que, ao mesmo tempo, vê-se estuprada a cada dia com as banalizações no poder público. A certeza que fica é que o último dos moicanos na política não existe há muito tempo.


Nota do Editor: Breno Rosostolato é professor de Psicologia da FASM (Faculdade Santa Marcelina).

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