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Opinião
12/05/2012 - 08h05
A CPI, a lona e o circo
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A oposição reclama da presença de advogados dos acusados na sessão (secreta) da CPI do Cachoeira. O presidente, senador Vital do Rego, justifica que os profissionais foram autorizados a participar em respeito ao direito constitucional de defesa. Tem razão o senador-presidente; os acusados precisam dispor de todos os meios de acompanhamento e defesa. Mas, afora isso, é importante lembrar que não há razão para a CPI correr em rito secreto, pois trata de crimes supostamente praticados no âmbito da administração pública e – o pior – com o desvio de dinheiro do povo. Logo, o povo, legítimo dono da bolada em questão, tem o direito de saber, nos mínimos detalhes, o que foi feito do seu patrimônio e quem são implicados na negociata.

Em vez de secreta, a CPI deveria ser aberta a todos os interessados em assisti-la pessoalmente, e televisionada para todo o país, num exemplo digno e claro do que pretendem seus membros. Não há motivo ético e nem justo para tomar sigilosamente os depoimentos sobre os crimes de lesa-pátria ali denunciados. Em vez de promover o anonimato, os deputados e senadores componentes da comissão, cumpririam muito melhor suas tarefas, escancarando para todo o território nacional e até para o mundo, toda a podridão apurada e, principalmente, os nome e o nível de envolvimento de cada um de seus personagens. Não é hora de abafar para evitar escândalos. O escândalo já está deflagrado e, se não for desvendado como se deram os fatos e os reais envolvidos, o fardo cairá sobre as costas de toda a classe política.

Não basta, ardilosamente, entregar ao sacrifício só a cabeça do senador Demóstenes Torres, transformando-o no clássico boi-de-piranha. Já é sabido por toda a população que existem outros parlamentares, governadores e dezenas (talvez centenas) de ocupantes de postos importantes na administração pública enredados pelo esquema de Cachoeira. Estabelecer o sigilo é - como diz o juiz federal Alberto Nogueira, do Rio de Janeiro – cultivar o segredo de polichinelo, escondendo do povo o que todos já sabem.

A CPI tem o dever e a oportunidade de acabar com o picadeiro, apurando todas as dúvidas levantadas pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, punindo os culpados e até dando a real oportunidade de defesa para os que tiverem boas explicações a fornecer. Tudo tem de ser feito às claras, sem subterfúgios para, ao final, o mal restar extirpado e conhecidos os nomes dos reais criminosos.

Depois de tantos conchavos que resultaram em impunidade, tanto em CPIs quanto em outros instrumentos de apuração e pré-apuração, as instituições governamentais e políticas restaram em frangalhos. Os políticos, com raríssimas exceções, não merecem crédito perante a população. O sigilo nas apurações sobre Cachoeira serve apenas para acentuar esse sentimento negativo, pois soa como mais um acordão pela impunidade. Ainda é tempo de consertar esse lastimável erro. Para tanto, a CPI precisa abrir imediatamente os seus trabalhos. Se não abrir, independente dos seus resultados, ficará para a população a certeza de que seus membros agiram mancomunados com os esquemas criminosos do bicheiro e sua quadrilha, e de que tudo não passou de uma reles encenação circense. Nem precisará da lona para cobrir.

Perdoem os circenses honestos, autênticos e puros, pela má comparação...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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