O mercado joalheiro nacional, representado principalmente por médias empresas, nunca teve uma vida fácil, pois sempre teve que concorrer com produtos importados ou, pior, contrabandeados por vendedores informais. Essa desleal competição representa mais de 50% do mercado no País, tanto na produção quanto na comercialização, e tudo isso devido à alta carga tributária brasileira. No entanto, esse cenário deve ser alterado em breve, pois o aumento do limite de faturamento das empresas enquadradas no SIMPLES para R$ 3,6 milhões por ano no mercado interno - e a possibilidade de outro montante idêntico para vendas ao mercado externo - aumenta a oportunidade de formalização das atividades do setor como um todo, em seus diferentes níveis da cadeia econômica. Porém, é necessário ficar atento à redução e adequação da carga fiscal do segmento para o empresário que não se enquadra no SIMPLES. Por mais que tal iniciativa seja necessária e justa para a competitividade da indústria nacional, pode ser também uma armadilha por permitir que o produtor externo possa entrar no mercado de forma legal, com baixa carga tributária. Nesse caso, a sobrevivência e sucesso deverão vir de outros fatores de diferenciação e competitividade que os empreendedores possam encontrar e desenvolver. Fatores externos adversos, como novos entrantes, preço da matéria-prima em elevação e produtos de tecnologia e luxo concorrendo com a disponibilidade de recursos do consumidor de forma complexa, tornam urgente a profissionalização do setor, de forma a poder fazer frente a esses inimigos externos. Essa pode ser a oportunidade para a formalização e desenvolvimento do ramo. O costume de sempre culpar outros fatores (governo, taxa de câmbio, impostos, risco de assalto, concorrência desleal e outros) não pode permanecer como desculpa para que as difíceis mudanças não sejam concretizadas. A culpa na maioria das vezes não está no outro, mas sim na forma amadora como o negócio é conduzido. É necessário aproveitar a oportunidade e o potencial de crescimento da indústria joalheira do ouro, pois ela é enorme. Este é um momento de reflexão para que cada empresário decida sobre a própria sobrevivência empresarial, que passa obrigatoriamente pela profissionalização e legalização de suas atividades de forma integral e definitiva. Nota do Editor: André Nunes é diretor da Reserva Metais, líder no mercado formal de ouro e metais preciosos.
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