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Opinião
18/05/2012 - 11h00
Palavrório em linha reta
Dartagnan da Silva Zanela
 

Não! Não é isso! Espere aí, mas de que estamos falando? Ops.! Nos adiantamos um pouco com o andor. Então voltemos um pouquinho. Mas, de quanto é esse pouquinho? Depende do quanto estamos atrasados e perdidos em relação ao que está no centro da discussão.

Isso mesmo! Nosso olhar percorre as frenéticas imagens do mundo feito areia que segue seu curso pelo estreito orifício de uma cansada ampulheta. As imagens seguem seu caminho sem fixar-se em nosso ser e não temos esse desejo. Deixamos apenas que elas passem por nós com seu leve toque sem nunca perguntarmos o que, de fato, estava diante de nossas vistas, o que, realmente, testemunhamos.

Talvez, penso eu, seja essa palavra tão ausente do vernáculo pedagogesco hodierno: testemunho. Tudo aquilo que sabemos decorre de nosso testemunho pessoal. Se este for sincero, o conhecimento construído a partir dele será apolíneo. Entretanto, se o testemunho for todo falseado pelas inúmeras camadas de auto-enganos racionalizados, mais do que certeza que o construto será apenas um reflexo de nossas mentiras existenciais, jamais, um reflexo da realidade que foi testemunhada.

Não? Não é isso? Tudo bem, então deixemos de lado as imagens que nos circundam e reflitamos um pouco sobre esse ser esquisito e confuso chamado “eu”. Quem somos? O que somos? Como lembra Fernando Pessoa em seu Poema em linha reta, o mundo está cheio de semideuses, de pessoas perfeitas, que nunca cometeram um vexame e, com ele, confesso, estou farto destes tipinhos.

Se você é (ou não) um destes semideuses, experimente contar, para si mesmo, a sua história de vida pessoal juntando todos os elementos fragmentários que compõem sua parva personalidade. Se firmarmos nosso passo por essa vereda, perceberemos o quanto somos uma pessoa em pedaços, retalhada, incapaz de conseguir contar para si a sua própria história.

Não? Então finja que fará. Sim, um fingimento a mais, outro a menos, que diferença faz em uma sociedade onde a verdade é dispensável e a dissimulação fundamental, não é mesmo? Entretanto, a soma de muitas mentiras não forma uma verdade, do mesmo modo que a de auto-enganos racionalizados não constitui verdadeiramente uma pessoa.

Não? Então voltemos ao começo desta missiva e repensemos do que foi dito até aqui e em que medida essas palavras mal escritas dizem algo sobre nossa miséria pessoal. Ou nós seriamos inatingíveis semideuses vestidos de carne e ossos andando entre míseros mortais?


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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